de Castro – Holton “Revolução”

Segundo o historiador das Ciências Gerald Holton, o conceito de ” Revolução”, na expressão “revolução científica”, não é tão evidente assim. Uma revolução separa a história em duas eras irreconciliáveis: depois de 1789, passamos da realeza à república, mas depois de uma revolução científica, continuamos a falar de ciência. Para explicar como se produzem as mudanças efetivas no desenvolvimento das ideias científicas, ele prefere falar de evolução, de mudança na continuidade O Próprio Einstein reconheceu que sua teoria da relatividade era apenas uma “modificação” da teoria já existente do espaço e do tempo, não diferindo dela radicalmente. Assim, a descoberta científica consiste em dar-se conta de que uma problema pode ser tratado num quadro mais amplo que o anterior. Ao invés de “revolução”, haveria uma persistente e lenta evolução das ideias essenciais. Foi assim que Einstein abandonou um sistema de referência absoluto e fixo (o espaço impregnado por meio sutil) e o substituiu por seu princípio de relatividade; ele criou um quadro mais amplo, no qual a visão clássica continua existindo como um caso particular: “embora alguns cientistas possam aceitar, com certa indiferença, a natureza “revolucionária” das realizações passadas que se integraram no corpus estabelecido, como ocorre com a teoria da relatividade, eles recusam o modelo revolucionário em proveito de um modelo evolutivo quando sua atenção passa dos antigos textos de ciência a seu próprio trabalho ou ao de seus contemporâneos” (“Sur les processus de l’invention scientifique durant les percées “révolutionnaires”, in Sciences et symboles, Paris, Albin Michel, 1986).