Vocabulário da Filosofia da Ciência e da Filosofia da Técnica

Vocabulário da Filosofia da Ciência e da Filosofia da Técnica
mccastro sex, 02/03/2012 - 13:31

A Filosofia da Ciência assim como a Filosofia da Técnica, além de herdarem termos e noções da filosofia, ajustando-os às necessidades da metodologia científica e do progresso das tecnologias, forjaram também termos e noções muito próprios. Assim, nossa tentativa nas páginas abaixo é de oferecer definições de alguns destes termos e noções chaves para um melhor entendimento de ambas filosofias. Recomendamos acessar nosso repositório de termos e noções filosóficos na forma de um "hiper-léxico":

A PRIORI

A PRIORI mccastro seg, 09/22/2014 - 08:52

Apriorismo

Apriorismo mccastro sab, 02/04/2012 - 19:13

a) Etimologicamente significa o processo de raciocínio a priori que consiste em partir de princípios anteriormente aceitos.

b) Na filosofia significa anterior à experiência.

c) Em sentido lato o processo a priori permite descobrir e prever fatos que, amiúde, serão verificados pelo processo a posteriori.

d) Em geral fundamenta-se na propriedade originária do homem, que é irredutível, portanto a priori, e que não é sancionada pela experiência, radicando-se em determinados sentimentos, princípios e direções volitivas (Külpe). Opõe-se, nesta acepção, a empirismo, também em moral. Como aprioristas em moral temos na filosofia inglesa os intuicionistas, assim chamados por considerarem os princípios éticos como imediatamente seguros e cognoscíveis por intuição, análogos aos axiomas geométricos. Kant desenvolve esse apriorismo em seus Fundamentos da Metafísica dos Costumes. Schopenhauer também o é, ao fundamentar, como móvel da justiça, a compaixão. Locke rebateu o apriorismo psicológico, que supõe princípios práticos inatos. Defende uma concepção empirista quanto às ideias morais e às normas éticas. Mas ao aceitar que as regras morais podem derivar da aceitação da ideia de Deus, Locke torna-se apriorista. O processo apriorístico permanece constante. Com os empiristas o apriorismo na ética tem perdido terreno, Entretanto, com Husserl, Max Scheler, Messer e, anteriormente Franz Brentano, tem-se afirmado uma evidência a priori para as valorações éticas, sendo desnecessário que essas ideias sejam inatas. Na fenomenologia de Husserl é reclamado para o conhecimento dos valores e de suas classes uma evidência originária, igualmente para o conhecimento dos fenômenos teóricos. Ele não tenta fixar normas mas, ao contrário, trata de conhecer a essência da moral e da razão de sua validade e, deste modo, também chega a ser, em sentido teórico, uma complementação da investigação empírica (Külpe).

A experiência e o conhecimento a priori

A experiência e o conhecimento a priori mccastro sab, 02/04/2012 - 19:17

Não restam dúvidas de que todo nosso conhecimento principia com a experiência; a não ser assim, que é que despertaria a nossa faculdade de conhecer e que é que a levaria a exercer-se além dos objetos que impressionam os nossos sentidos e que, por um lado, produzem por si

mesmos representações e, por outro lado, põem em movimento a nossa atividade intelectual e a excitam a compará-las, uni-las ou separá-las e a organizar desse modo a matéria bruta das impressões sensíveis para com elas formar o conhecimento dos objetos? Deste modo, no tempo, nenhum conhecimento precede em nós a experiência, e todos principiam com ela.

Mas se todo o nosso conhecimento principia com a experiência, isso não significa que todo ele derive da experiência, porque pode bem suceder que mesmo o nosso conhecimento mediante a experiência seja um composto do que recebemos das impressões sensíveis e do que o nosso próprio poder de conhecer (simplesmente excitado pelas impressões sensíveis) produz de si mesmo, adição que não distinguimos até que a nossa atenção seja a isso conduzida por um longo exercício que nos tenha ensinado a separar uma coisa da outra. [...]

Pela expressão «conhecimento a priori» entendemos, não aquele que é independente de uma determinada experiência, mas o que não depende de nenhuma experiência. A este conhecimento opõe-se o conhecimento empírico, ou seja aquele que é possível a posteriori, isto é, mediante a experiência. De entre os conhecimentos a priori, chamaremos puros aos que não apresentam qualquer influência empírica. Desta maneira, como exemplo, consideremos esta proposição: «toda a variação tem uma causa»; é uma proposição a priori, mas não é pura, porque o conceito de variação apenas da experiência pode provir. [...]

Importa agora um critério que nos permita distinguir com segurança um conhecimento puro dum conhecimento empírico. A experiência ensina-nos claramente que uma coisa é isto ou aquilo, mas não nos pode esclarecer sobre o fato de ela não ser diferente. Em primeiro lugar, pois, se uma proposição apenas puder ser concebida como necessária, tratar-se-á de um juízo a priori; se, além de mais, não provier de qualquer outra proposição, destituída ela mesma do valor de juízo necessário, será absolutamente a priori. Em segundo lugar, a experiência nunca concede aos seus juízos uma universalidade verdadeira e rigorosa, mas apenas suposta e comparativa (baseada na educação), o que, afinal, vem a significar apenas que, até este momento, não encontramos ainda nas nossas observações, por mais numerosas tenham sido, excepções a esta ou àquela regra. Portanto, se um determinado juízo for concebido como rigorosamente universal, de tal modo que se lhe não possa supor qualquer excepção, isso significará que tal juízo não proveio da experiência e é válido absolutamente a priori. A universalidade empírica não é, portanto, mais que uma arbitrária extensão de valor; duma proposição verdadeira para a maioria dos casos passa-se a uma outra que vale para todos, como esta, por exemplo: «todos os corpos são pesados.» Pelo contrário, quando um juízo possui essencialmente o carácter duma rigorosa universalidade, é que implica uma origem particular de conhecimento, isto é, uma faculdade de conhecimento a priori. A necessidade e a universalidade rigorosas são, pois, sinais evidentes de um conhecimento a priori e são inseparáveis. Mas, como na prática se torna, por vezes, mais fácil mostrar a limitação empírica dos juízos do que a sua contingência e como, do mesmo modo, é mais fácil mostrar a sua suposta absoluta universalidade do que a sua necessidade, é bom servirmo-nos separadamente destes dois critérios, pois cada um é por si próprio infalível.

E agora, que haja no conhecimento humano juízos necessários e rigorosamente universais, isto é, juízos puros a priori, eis o que se torna fácil demonstrar. Quereis um exemplo escolhido nas ciências? Basta, para isso, lançar os olhos sobre todas as proposições das matemáticas. Quereis um exemplo escolhido no conhecimento usual? Ei-lo: «toda variação tem uma causa.» Neste último exemplo, o conceito duma causa contém de modo tão evidente o da necessidade duma ligação necessária com um efeito, o duma rigorosa universalidade da regra, que seria completamente vão, como pretendeu David Hume derivá-lo da frequência da associação do fato atual com o fato precedente e do hábito, daí resultante (e, portanto, destituído de qualquer necessidade subjetiva), de ligar entre si representações. Aliás, não é necessário recorrer a tais exemplos para demonstrar a realidade de princípios puros a priori no nosso conhecimento; poder-se-ia também prová-lo a priori mostrando que são condições indispensáveis da possibilidade da experiência. Na verdade, donde promanaria a certeza se todas as regras segundo as quais se elabora fossem sempre empíricas e, por consequência, contingentes? Desta maneira não se poderia atribuir a regras deste gênero o valor dos primeiros princípios. [...]

Não é só nos juízos, mas também nos conceitos, que se revela uma origem a priori. Separai sucessivamente do vosso conceito experimental de um corpo tudo quanto ele contém de empírico: a cor, a dureza ou a moleza, a própria impenetrabilidade, e fica sempre o espaço que tal corpo ocupava e que não podeis fazer desaparecer. Se, do mesmo modo do vosso conceito empírico dum objeto qualquer retirardes todas as propriedades que a experiência vos ensina, não podereis arrebatar, todavia, aquela que vos permite concebê-lo quer como substância, quer como inerente a uma substância. Compelidos pela necessidade com a qual este conceito se vos impõe, torna-se necessário reconhecer que a sua origem a priori reside na vossa faculdade de conhecer.

Kant, Crítica da Razão Pura, trad. franc. de J. Barni, «Introdução», I, II.

Crítica do Apriorismo

Crítica do Apriorismo mccastro sab, 02/04/2012 - 19:21

Abstraindo das especiais doutrinas que foram por Kant sustentadas, é muito comum entre os filósofos o considerar o que é a priori como sendo mental em certo sentido, como algo que mais diz respeito à maneira como devemos pensar que a qualquer dos fatos do mundo externo. [...] É natural a maneira de ver que levou as pessoas a adotar tal nome [«leis do pensamento»]; mas há fortes razões, a despeito disso, para que nós pensemos que ele é errôneo. Para exemplo, tomemos o princípio de contradição. Enuncia-se geralmente assim: «cousa alguma pode ser e não ser ao mesmo tempo», querendo-se com isto exprimir o fato de que nada pode, ao mesmo tempo, ter e não ter uma qualidade dada. Se uma árvore, por exemplo, é uma faia, não pode também não ser uma faia; se a mesa é retangular, não pode não ser retangular; e assim sucessivamente.

Ora o que nos leva a chamar ao princípio uma «lei do pensamento» é que é antes pelo pensamento, que não pela observação externa, que vimos à persuasão da sua necessária verdade. Quando vimos que a árvore é uma faia, não precisamos de voltar a vê-la para comprovar que é falso que não é uma faia; o pensamento nos basta aí para que saibamos que é isso impossível: o não ser ela uma faia. E, não obstante, não deixa de ser errônea a conclusão de que o princípio de contradição constitui uma lei do pensamento. A nossa crença, quando acreditamos em tal princípio,

não é a de que o espírito é de tal modo feito que não pode negar assentimento ao princípio de contradição. Esta crença é um resultado ulterior da reflexão psicológica sobre o caso, que já pressupõe, por sua vez, a crença no princípio de contradição. A crença no princípio de contradição vem a ser uma crença sobre as coisas, e não unicamente sobre os pensamentos. Não é por exemplo a crença de que, se nós pensamos que certa árvore é uma faia, não podemos ao mesmo tempo pensar que a dita árvore não é uma faia: é a crença de que, se a árvore é uma faia, a mesma árvore não pode não ser uma faia, ao mesmíssimo tempo. Assim, o princípio de contradição é uma lei que diz respeito às cousas, e não unicamente a pensamentos; e se é um pensamento a nossa crença no princípio de contradição, o próprio princípio de contradição, não obstante, não é um pensamento: é um fato concernente às cousas do mundo. Se aquilo em que acreditamos, quando cremos no princípio de contradição, não fosse verdadeiro das cousas do mundo, o sermos compelidos a crer nele, a pensá-lo nós como verdadeiro, não salvaria o principio de ser falso: e por aqui entendemos nós que não é uma lei do pensamento.

Valeria argumento análogo para os restantes juízos a priori. Quando ajuizamos que dois e dois são quatro, não enunciamos um juízo sobre o nosso pensamento, mas sobre todos os pares de coisas, reais ou possíveis. O fato que afirmamos, quando afirmamos que dois e dois fazem quatro, não é evidentissimamente que o nosso espírito é de tal modo feito que acredita que dois e dois fazem quatro. E é bem certo que fato algum a respeito da constituição do nosso espírito poderia por si tornar verdadeiro que dois e dois fizessem quatro. Assim, pois, o conhecimento a priori, se não é errôneo, não é tão-só um conhecimento sobre a constituição do nosso espírito, mas aplicável a tudo que possa haver, quer sejam cousas de natureza mental, quer sejam de natureza não mental.

Parece, de fato, que qualquer conhecimento a priori se refere a entidades que não existem, propriamente falando, quer no mundo mental, quer no mundo físico. Entidades são estas que têm semelhança ao que designamos por partes do discurso que não são substantivos; são entidades do mesmo gênero que as qualidades e as relações. Suponha-se, por exemplo, que eu estou no meu quarto. Eu existo, o meu quarto existe; mas existe o no? É óbvio, no entanto, que a palavra no tem algum sentido; designa uma relação que se dá de fato entre a minha pessoa e o meu quarto. Esta relação qualquer cousa é, se bem não possamos dizer

que exista no mesmo sentido em que o meu quarto e eu. É esta relação, em, algo que podemos pensar e entender; se a não pudéssemos entender, não poderíamos entender a frase: «eu estou no meu quarto.» Muitos filósofos, na esteira de Kant, sustentam que as relações são obra do espírito, que as cousas em si não têm relações, que é o nosso espírito que reúne as cousas em um ato único do pensamento, e que assim produz ele essas relações que julga existentes entre as coisas.

Esta opinião, todavia, parece sujeita a objecções idênticas àquelas que já demos contra Kant. Afigura-se claro que não é o pensamento que produz a verdade da proposição: «estou no meu quarto.» Pode ser que seja verdade que está no quarto uma joaninha, ainda que nem eu, nem a joaninha, nem pessoa alguma, caiamos na conta de tal verdade, pois que essa verdade só diz respeito à própria joaninha e ao meu quarto, e não está dependente de nada mais. Cumpre-nos colocar as relações num mundo que não é mental nem físico. Para a filosofia, é esse mundo da maior importância, e em particular para os problemas do conhecer a priori.

Bertrand Russell, Problemas da Filosofia, trad. de A. Sérgio, pp. 117-120.

Analogia

Analogia mccastro sab, 09/27/2014 - 21:08

Análise e Síntese

Análise e Síntese mccastro sex, 02/03/2012 - 17:28

MÉTODO ANALÍTICO DIRETO

MÉTODO ANALÍTICO DIRETO mccastro sex, 02/03/2012 - 18:43

MÉTODO ANALÍTICO INDIRETO

MÉTODO ANALÍTICO INDIRETO mccastro sex, 02/03/2012 - 18:49

MÉTODO SINTÉTICO

MÉTODO SINTÉTICO mccastro sex, 02/03/2012 - 18:44

Atitude Natural

Atitude Natural mccastro qui, 08/20/2015 - 04:15

Excerto de Martin Heidegger, «O QUE É UMA COISA?»

Autonomia

Autonomia mccastro dom, 02/10/2013 - 13:08

Axiomática

Axiomática mccastro sex, 02/03/2012 - 18:21

OBJEÇÕES À AXIOMÁTICA

OBJEÇÕES À AXIOMÁTICA mccastro sex, 02/03/2012 - 18:27

[...] se tudo se passa no interior do espírito, se o intelecto, embora evoluindo, permanece rigorosamente encerrado em si mesmo, como é possível que nele se crie, não a esperança — com efeito, isso seria demasiado modesto —, mas a certeza absoluta de que esses resultados serão aplicáveis ao real? Na verdade, evidentemente,-essa é uma ideia que nunca abandona o matemático.

Depois de referir a concepção axiomática da matemática de Einstein, Émile Meyerson prossegue a sua análise:

De fato será possível elaborar uma matemática completamente estranha a tudo quanto provenha da intuição? Ferdinand Gonseth, apoiado por Hadamard, põe-no em dúvida. «A matemática», afirma ele, «apenas artificialmente, só aparentemente pode ser separada da sua fundamentação intuitiva e do seu prolongamento no real.» De tal modo que «não há nenhum domínio da matemática, por pequeno que seja, onde a axiomática possa bastar-se a si mesma».

Mas supondo mesmo que uma tal elaboração seja possível, ficará sempre por explicar se o real não desempenha nela qualquer papel e como é que os enunciados a que chega manifestam acordo tão perfeito com as coisas. A solução [...] que consiste em admitir que, no fundo, tal acordo não existe assume, na verdade, carácter demasiado paradoxal. Ferdinand Gonseth indaga a esse respeito, e parece que com alguma razão, se Einstein consentiria que fosse aplicada uma fórmula análoga à teoria dele, afirmando-se que, «na medida em que a relatividade se aplica ao real, de modo algum tem fundamentação segura, e que, na medida em que é segura, se não aplica ao real».

Mas não nos parece que o próprio Ferdinand Gonseth vá suficientemente longe nesta ordem de ideias. Com efeito, pensa que «não há limite a transpor para passar da geometria à física» e que «a certeza matemática é exatamente da mesma espécie que as outras certezas da vida». Há em tais afirmações algo de verdadeiro. Mas, tomadas à letra, afiguram-se de certeza contrárias — e é sobretudo o caso daquela que está contida na segunda das frases que acabamos de citar— à crença de todos aqueles que, por pouco que seja, se habituaram a pensar de modo matemático. Referimo-nos, que isso fique bem claro, à crença professada pelo matemático «quando não disputa» (para nos servirmos da expressão adequada de Jean le Rond D'Alembert), porque sem tal reserva seria pretensioso opormos a nossa opinião à de um matemático profissional. Mas será possível contestar seriamente que o matemático, ao invés do físico, procede apenas dedutivamente e que a sua fé na justeza das conclusões alcançadas, mediante puras operações mentais, é completamente diferente da deste último em casos análogos? Quando é que um matemático sentiu a necessidade de confirmar os seus resultados pela observação do real, como sempre pratica o físico, aplicando-se no registo dos mais insignificantes desacordos, enquanto o geômetra de modo algum se perturba com a flagrante inexatidão da sua figura? Mesmo onde o matemático e o físico parecem intimamente dependentes, tal como nos raciocínios relativistas, basta prestarmos atenção para nos apercebermos de que aquilo que é próprio do primeiro de modo algum é caraterístico do segundo. Sem dúvida, Lobatschewsky, Riemann, Helmholtz suscitaram observações tendentes a reconhecer qual é a geometria que deve ser aplicada ao real, mas jamais alguém pretendeu que essas observações poderiam influir no que quer que fosse sobre a própria constituição das teorias dos espaços não euclidianos; essas concepções surgiram e desenvolveram-se anteriormente a qualquer verificação física, por via puramente dedutiva.

Ferdinand Gonseth é de opinião que se não deve dizer «rigoroso como um teorema de geometria»; «intuitivo como um teorema de geometria», assim é que deveria ser dito; mas tal modificação não implica, de certeza, no seu pensamento qualquer diminuição do rigor caraterístico do raciocínio. [...]

O matemático, por mais abstratos, por mais aparentemente afastados do mundo dos objetos do senso comum sejam os seus pensamentos, permanece Intimamente convencido de que, se a ele consegue voltar, se, por meio de artifício, logra eliminar da sua proposição aquilo que respeita a grandezas irreais (compreenda-se que usemos aqui o termo no seu sentido mais lato, abrangendo não só o imaginário matemático, como tudo aquilo que não é grandeza, como é concebida pelo senso comum), ela deverá achar-se de acordo com o real, deverá regê-lo estritamente, por toda a parte e sempre, como acontece com o número. Dir-se-á que na matemática há acordo entre o espírito e o real. Sem dúvida. Todavia, o que é paradoxal é a verificação de até que ponto esse acordo persiste, enquanto os rumos do espírito e do real parecem afastar-se tão manifestamente um do outro.

Émile Meyerson, Du Cheminement de la Pensée, pp. 306-309.

Causalidade

Causalidade mccastro sab, 02/04/2012 - 18:53

ORIGEM DO PRINCÍPIO DE CAUSALIDADE

ORIGEM DO PRINCÍPIO DE CAUSALIDADE mccastro sab, 02/04/2012 - 18:54

Cepticismo

Cepticismo mccastro dom, 02/05/2012 - 20:15

Certeza

Certeza mccastro dom, 02/05/2012 - 21:14

Ciências Empírico-Formais

Ciências Empírico-Formais mccastro sex, 07/13/2012 - 15:46

Ciências Formais

Ciências Formais mccastro sex, 07/13/2012 - 15:34

Ciências Hermenêuticas

Ciências Hermenêuticas mccastro sex, 07/13/2012 - 16:24

[BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar. Petrópolis: Vozes, 1976, p. 101-104]

As ciências hermenêuticas são as ciências humanas ou as ciências do espírito (em alemão: Geisteswissenschaften).

Hermenêutica procede da palavra indo-germânica Herm, que significa o que envia. Hermes é o deus da mensagem. Daí vem verbum, word, wort. As coisas que aparecem são enviadas, estão no envio de herm, do verbum, da palavra. Auscultar o sentido do envio é fazer a hermenêutica da palavra.

Pertencem ao grupo de ciências humanas, entre outras, a psicologia, a história, a economia, a politica, a sociologia. Há um grande debate em torno dessas ciências. São ou não são ciências? São elas redutíveis às ciências empírico-formais? Tomam elas como modelo as ciências formais puras?

A resposta prévia, que servirá de roteiro às subsequentes considerações, é a seguinte: as ciências hermenêuticas não diferem substancialmente das ciências formais puras, precisamente por ambicionarem ser «ciências», isto é, por adotarem uma metodologia de pesquisa de caráter formal-operativo. Há um só modelo de ciência: o modelo formal-puro, exemplificado nas matemáticas. Conhecer «cientificamente» é conhecer formalizando, matematizando o real.

Que realidade pretendem conhecer as ciências hermenêuticas? Elas estudam as diversas atividades individuais ou coletivas do homem considerado como ser dotado de inteligência e de vontade. Há, no objeto dessas ciências, elementos redutíveis a descrições de natureza quantificada. Por exemplo, na demografia a população pode ser estudada a partir de um ponto de vista estatístico. Se as ciências humanas não pretendessem mais que traduzir esses elementos quantitativos elas não se distinguiriam das ciências empírico-formais. Mas ousam mais. O domínio da realidade que elas visam contém elementos não quantificáveis, elementos que escapam a um sistema formal puro. Esses elementos incluem a presença de significações ou de valores. A significação não é jamais proposta, isto é, não é objetivada, não pode ser claramente representada. A significação de um dado, de um elemento, de um evento não é pois passível de ser «cientificada». A significação se revela através de um processo de interpretação. Hermenêutica é pois a ciência da interpretação. As ciências humanas por incluírem no objeto que estudam elementos significativos, que se revelam compreensivos quando adequadamente interpretados, são por isso chamadas de hermenêuticas.

O objeto das ciências humanas é sempre cultural, é um valor (Kulturgut). Como se institui um tal objeto? A partir da ação humana que é vontade que ambiciona alcançar um fim. O objeto é então a própria ação humana prenhe de sentido (sinnhaft), carregada de valor (wertbezogen). A ciência, porém, enquanto puro conhecer, busca a neutralidade axiológica (Wertfreiheit). As ciências humanas nesse caso deveriam explicar os fatos culturais, os objetos de valor, tratando-os por um método isento de valor (wertfrei).

Os sinais, os conceitos das ciências humanas visam pois nos conduzir à presença de um mundo significativo. De fato, porém, os sinais e os conceitos das ciências humanas não nos põem imediatamente numa tal presença significativa, não nos dão automaticamente o sentido invisível nele latente.

O sentido invisível só pode ser evocado. A evocação, porém, é incompatível com a essência do conhecimento científico, pois é da estrutura das ciências o não-evocar, mas o dizer o que a coisa é mediante conceitos formais claramente representados e relacionados entre si pelo princípio constitutivo de causa-e-efeito.

Para descrever essa situação anômala das ciências evoquemos o exemplo da história. A história busca reconstituir os acontecimentos passados a partir de documentos presentes e tenciona, num segundo momento, sua compreensão. A primeira etapa é fácil: passar dos documentos aos acontecimentos. A segunda etapa é mais difícil: explicar os acontecimentos. Os acontecimentos são as intenções e as ações de atores consignadas, conservadas e transmitidas através do tempo. «César passou o Rubicão». Por que passou César o Rubicão?! A história para se constituir em «ciência» deve poder elaborar uma «teoria objetiva» mediante a qual nos é possível ver nos sinais (documentos) as ações e intenções de seus atores. Se conseguirmos evocar a significação dos acontecimentos teremos compreendido o documento.

Na elaboração de uma tal «teoria objetiva» que explique as ações e intenções dos atores, as ciências humanas se valem em geral de dois modelos: o modelo explicativo em termos de projetos e o modelo explicativo em termos de sistemas.

No modelo explicativo em termos de projetos consideram-se as ações como vividas por atores individuais. Nesse caso é preciso imaginar tipos de projetos possíveis, que são quais hipóteses provisórias, e elaborar uma teoria que mostre os liames entre as situações e os projetos. Por exemplo, César passou o Rubicão para satisfazer uma ambição pessoal. O que aconteceu nesse procedimento? César é visto numa elaboração ideal (Ideal-type). Esse tipo ideal é forjado pelo meu espírito. César, porém, em sua concreteza, não é esse tipo ideal. Recrio, portanto, César idealmente para poder movimentar a compreensão do César concreto. O tipo ideal que forjei é a medida que me possibilita compreender as ações de César.

Mas trata-se nesse caso da compreensão de qual história? de César? ou não será antes a compreensão de minha história-presente? O tipo ideal, mediante o qual «compreendo» César, é a compreensão de mim ou de César ele mesmo? A compreensão é induzida a César a partir de mim. O passado é compreendido a partir do presente. Compreender a história é sempre um projeto do presente. Se é um projeto do presente, então a história é sempre política. O método do «tipo ideal» ou de «projeto» é uma estratégia ou tática de dominar o presente relendo o passado. Não há uma explicação da história, apenas unia compreensão possível. Há no «projeto» aspectos que não se deixam captar, motivações inconscientes inacessíveis à reflexão.

No modelo explicativo em termos de sistemas consideram-se totalidades, configurações que envolvem numerosas ações. O indivíduo em sua ação é compreendido a partir do todo. No quadro mental elaborado (Abbild) são compreendidos os fatos. A história é por assim dizer «dobrada», vista na imagem do sistema. Nesse caso é preciso elaborar uma teoria relativa à evolução dos sistemas. Em geral recorre-se a teorias próprias aos sistemas físicos ou biológicos ou então a teorias de caráter não científico como, por exemplo, os sistemas onde a evolução é explicada à base da dialética.

Um sistema interpretativo é avaliado no mais das vezes a partir de critérios meramente pragmatistas. A teoria adequada ou certa é considerada aquela que melhor analisa as ações em termos meramente operativos, funcionais. Basta lembrar as teorias econômicas, políticas, psicológicas. A explicação está sempre fundamentada num esquema operativo-funcional prático. A funcionalidade operativa é o último critério de sua validez. O conhecimento significativo, porém, é, em geral, destituído de validez operativa. Não pode ser finalizado. É absoluto em si. É como o olhar de criança: belo, simplesmente belo e não útil, não se aprisiona em nenhum sistema operativo-formal.

Por conseguinte as ciências hermenêuticas não diferem substancialmente das ciências formais. Elas se alicerçam sempre numa teoria formal, que explicita a lógica imanente da ação objetivada num sistema, cujos componentes (conceitos e sinais) operam até certo ponto por conta própria, independentes da ação. As ciências hermenêuticas permanecem assim no círculo das ciências formais. O real que elas visam é abordado a partir dos instrumentos da inteligência objetivante, que constrói modelos a priori de abordagem, e a realidade passa a ser apreendida e significada em modelos formais-operativos.

Ciências Sociais

Ciências Sociais mccastro sex, 02/03/2012 - 20:18

Estatísticas Sociais

Estatísticas Sociais mccastro sab, 02/04/2012 - 12:09

Inquérito — Sondagem — Pesquisa

Inquérito — Sondagem — Pesquisa mccastro sab, 02/04/2012 - 12:07

Dificuldades da Investigação

Dificuldades da Investigação mccastro sab, 02/04/2012 - 12:14

Leis Sociológicas

Leis Sociológicas mccastro sab, 02/04/2012 - 12:21

Carácter estatístico das leis sociológicas

Carácter estatístico das leis sociológicas mccastro sab, 02/04/2012 - 12:29

Sociedade humana

Sociedade humana mccastro sex, 02/03/2012 - 20:20

Sociologia e História

Sociologia e História mccastro sab, 02/04/2012 - 07:42

Ciências da Natureza

Ciências da Natureza mccastro sab, 06/13/2020 - 07:07

Excerto de CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE DO SENSO COMUM, Revista Brasileira de Filosofia, vol. III, fase. 4, 1953.

O divórcio operado entre a Philosophia Naturalis e as ciências da natureza, resultado de uma atitude para a qual a realidade se traduz não pelo estudo da natureza no seu conteúdo interno e sim pelas "ciências" das partes da natureza, criou uma separação abstrata tão funda entre o que há de metafísico na natureza e o que há de apreensível pelas várias "ciências", que Kant julgou impossível toda metafísica, a partir do pressuposto de que a cousa em si é inapreensível.

Coisa

Coisa mccastro qui, 08/13/2015 - 18:30

Comunicação

Comunicação mccastro qui, 08/13/2015 - 11:52

Conceito

Conceito mccastro sex, 05/29/2020 - 08:42

Conhecimento

Conhecimento mccastro sab, 02/04/2012 - 13:52

Devemos pois apreender com um olhar penetrante e descrever com exatidão esse fenômeno peculiar de consciência que chamamos de conhecimento. Fazemos isso na medida em que tentamos apreender as características essenciais desse fenômeno mediante a auto-reflexão sobre o que experimentamos quando falamos em conhecimento. Para diferenciá-lo do método psicológico, chamamos esse método de fenomenológico. O primeiro investiga os processos mentais concretos em seu curso regular e em suas relações com outros processos, ao passo que o último procura apreender a essência geral no fenômeno concreto. Em nosso caso, o método não descreve um processo de conhecimento determinado, não procura estabelecer o que é característico de um determinado conhecimento, mas aquilo que é essencial a todo conhecimento, aquilo em que consiste sua estrutura geral.

Se aplicamos esse método, o fenômeno do conhecimento se nos apresenta, nas suas características fundamentais, do seguinte modo.

No conhecimento defrontam-se consciência e objeto, sujeito e objeto. O conhecimento aparece como uma relação entre esses dois elementos. Nessa relação, sujeito e objeto permanecem eternamente separados. O dualismo do sujeito e do objeto pertence à essência do conhecimento.

Ao mesmo tempo, a relação entre os dois elementos é uma relação recíproca (correlação). O sujeito só é sujeito para um objeto e o objeto só é objeto para um sujeito.

Ambos são o que são apenas na medida em que o são um para o outro. Essa correlação, porém, não é reversível. Ser sujeito é algo completamente diverso de ser objeto. Johannes Hessen

Gnoseologia

Gnoseologia mccastro ter, 11/13/2012 - 16:39

Problema do Conhecimento

Problema do Conhecimento mccastro qua, 09/26/2012 - 19:43

Sujeito e Objeto

Sujeito e Objeto mccastro sab, 02/04/2012 - 16:37

A função do sujeito é apreender o objeto; a função do objeto é ser apreensível e ser apreendido pelo sujeito.

Vista a partir do sujeito, essa apreensão aparece como uma saída do sujeito para além de sua esfera própria, como uma invasão da esfera do objeto e como uma apreensão das determinações do objeto. Com isso, no entanto, o objeto não é arrastado para a esfera do sujeito, mas permanece transcendente a ele. Não é no objeto, mas no sujeito que algo foi alterado pela função cognoscitiva. Surge no sujeito uma "figura" que contém as determinações do objeto, uma "imagem" do objeto.

Visto a partir do objeto, o conhecimento aparece como um alastramento, no sujeito, das determinações do objeto. Há uma transcendência do objeto na esfera do sujeito correspondendo à transcendência do sujeito na esfera do objeto. Ambas são apenas aspectos diferentes do mesmo ato. Nesse ato, porém, o objeto tem preponderância sobre o sujeito. O objeto é o determinante, o sujeito é o determinado. É por isso que o conhecimento pode ser definido como uma determinação do sujeito pelo objeto.

Não é, porém o sujeito que é pura e simplesmente determinado, mas apenas a imagem, nele, do objeto. A imagem é objetiva na medida em que carrega consigo as características do objeto. Diferente do objeto, ela está, de um certo modo, entre o sujeito e o objeto. Ela é o meio com o qual a consciência cognoscente apreende seu objeto.

Dizer que o conhecimento é uma determinação do sujeito pelo objeto é dizer que o sujeito comporta-se receptivamente com respeito ao objeto. Essa receptividade, contudo, não significa passividade. Pelo contrário, pode-se falar de uma atividade e de uma espontaneidade do sujeito no conhecimento. Certamente, a espontaneidade não está relacionada ao objeto, mas à imagem do objeto, na qual a consciência pode muito bem ter uma participação criadora. Receptividade com respeito ao objeto e espontaneidade com respeito à imagem do objeto no sujeito podem perfeitamente coexistir.

Na medida em que determina o sujeito, o objeto mostra-se independente do sujeito, para além dele, transcendente. Todo conhecimento visa ("intenciona") um objeto independente da consciência cognoscente. Por isso o caráter transcendente é adequado a todos os objetos de conhecimento. Dividimos os objetos em reais e ideais.

Chamamos de reais ou efetivos todos que nos são dados na experiência externa ou interna ou são inferidos a partir dela. Comparados a eles, os objetos ideais aparecem como irreais, meramente pensados. Esses objetos ideais são por exemplo, as estruturas da matemática, os números e as figuras geométricas. O estranho é que também esses objetos ideais possuem um ser em si, uma transcendência, no sentido epistemológico. As leis numéricas, as relações existentes, por exemplo, entre os lados e ângulos de um triângulo têm uma independência de nosso pensamento subjetivo semelhante à dos objetos reais. Apesar de sua irrealidade, defrontam-se com nosso pensamento como algo em si mesmo determinado e independente.

Parece existir uma contradição entre a transcendência do objeto em face do sujeito e a correlação constatada há pouco entre sujeito e objeto. Essa contradição, porém, é apenas aparente. O objeto só não é separável da correlação na medida em que é um objeto de conhecimento. A correlação entre sujeito e objeto não é em si mesma indissolúvel; só o é no interior do conhecimento. Sujeito e objeto não se esgotam em seu ser um para o outro, mas têm, além disso, um ser em si. No objeto, este ser em si consiste naquilo que ainda é desconhecido. No sujeito, consiste naquilo que ele é além de sujeito que conhece. Além de conhecer, ele também está apto a sentir e a querer. Assim, enquanto o objeto cessa de ser objeto quando se separa da correlação, o sujeito apenas deixa de ser sujeito cognoscente.

Assim como a correlação entre sujeito e, objeto só não é dissolúvel no interior do conhecimento, ela também só não é reversível enquanto relação de conhecimento.

Em si mesma, uma reversão é perfeitamente possível. Ela ocorre, de fato, na ação, pois nesse caso não é o objeto que determina o sujeito, mas o sujeito que determina o objeto. Não é o sujeito que muda, mas o objeto. O sujeito não mais se comporta receptivamente, mas espontânea e ativamente, ao passo que o objeto comporta-se passivamente.

Desse modo, conhecimento e ação apresentam estruturas completamente opostas.

Conhecimento Científico

Conhecimento Científico mccastro sex, 02/03/2012 - 18:05

Consciência

Consciência mccastro qui, 01/16/2020 - 15:37

Crítica

Crítica mccastro qua, 06/03/2020 - 07:56

Dados

Dados mccastro qua, 09/26/2012 - 19:31

Dasein

Dasein mccastro ter, 08/18/2015 - 13:52

Dedução e Indução

Dedução e Indução mccastro sab, 09/27/2014 - 21:15

Dedução

Dedução mccastro sex, 02/03/2012 - 15:47

Operação mediante a qual se conclui rigorosamente, de uma ou de várias proposições tomadas como premissas, uma proposição que é sua consequência necessária, em virtude de regras lógicas. [...]

Não é exato definir a dedução como o raciocínio que vai «do geral ao particular», quer se entenda por esta fórmula equívoca e corrente: «do universal ao particular», quer se entenda: «do mais geral ao mais especial.» Isto é verdadeiro no primeiro sentido: Barbara, Celarent, Cesare, etc., são apenas formados por universais; além disso, a dedução pode consistir em concluir da falsidade de uma particular a falsidade da universal correspondente, ou da verdade de uma particular a falsidade da universal contraditória; finalmente, nas operações lógicas elementares diversas do silogismo (tais como, por exemplo, a ⊃ b, a ⊃ c. ⊃ .a ⊃ bc) não há qualquer particularidade, no sentido preciso que tem esta palavra em lógica; o mesmo sucede em todos os cálculos aritméticos ou algébricos.

Pode também observar-se que aquela concepção da dedução não tem sentido na lógica proposicional propriamente dita, que toma os juízos em bloco (p, q, r ...) e apenas considera o seu valor de verdade ou de falsidade, não a sua quantidade; por exemplo, num silogismo hipotético p ⊃ q. q ⊃ r. ⊃ p ⊃ r.

Se se trata de passar do mais geral para o mais especial, observe-se que o método matemático, tipo indisputado de dedução, quer nas suas operações elementares, quer na sua marcha geral, se eleva frequentemente do mais especial ao mais geral, por exemplo quando se «generaliza» uma propriedade, ou uma demonstração, assente primeiramente para um caso privilegiado, quer dizer, quando dele tiramos, mediante um raciocínio rigoroso, a fórmula geral de que era um caso especial. É bem sabido que os progressos de uma ciência dedutiva consistem muitas vezes em construir conceitos cada vez mais gerais que conservam as propriedades de classes mais especiais pelas quais começaram (por exemplo, os números inteiros, fraccionários, qualificados, irracionais, etc.). A ideia verdadeira que se contém confusamente na fórmula contrária é, sem dúvida, que a passagem de uma regra às suas aplicações, de uma variável aos seus valores, é uma das operações fundamentais do raciocínio dedutivo.

André Lalande (philosophe), Vocabulaire Technique et Critique de la Philosophie, 7.a ed., 1956, pp. 204-205.

A DEDUÇÃO: UMA TAUTOLOGIA, UMA MAIÊUTICA.

A DEDUÇÃO: UMA TAUTOLOGIA, UMA MAIÊUTICA. mccastro sex, 02/03/2012 - 15:52

TEORIA DO MÉTODO DEDUTIVO

TEORIA DO MÉTODO DEDUTIVO mccastro sex, 02/03/2012 - 18:37

Indução

Indução mccastro sex, 02/03/2012 - 16:00

O PROBLEMA DA INDUÇÃO I

O PROBLEMA DA INDUÇÃO I mccastro sex, 02/03/2012 - 16:05

O PROBLEMA DA INDUÇÃO II

O PROBLEMA DA INDUÇÃO II mccastro sex, 02/03/2012 - 16:22

O PROBLEMA DA INDUÇÃO III

O PROBLEMA DA INDUÇÃO III mccastro sex, 02/03/2012 - 16:28

Disciplina

Disciplina mccastro qui, 08/13/2015 - 17:57

Dogmatismo

Dogmatismo mccastro dom, 02/05/2012 - 20:01

Doutrinação

Doutrinação mccastro qui, 01/31/2013 - 11:54

Economia

Economia mccastro sab, 09/19/2020 - 07:02

Empirismo

Empirismo mccastro sab, 02/04/2012 - 17:51

Ente

Ente mccastro dom, 02/05/2012 - 21:07

Enunciado

Enunciado mccastro qua, 08/19/2015 - 16:34

Escola

Escola mccastro qui, 01/31/2013 - 12:49

Espírito

Espírito mccastro dom, 02/10/2013 - 16:10

Espírito Científico

Espírito Científico mccastro sex, 02/03/2012 - 18:09

Essência

Essência mccastro qui, 08/13/2015 - 18:17

Estado

Estado mccastro qui, 08/13/2015 - 15:49

Estudo

Estudo mccastro qui, 01/31/2013 - 12:45

Experiência

Experiência mccastro qui, 08/13/2015 - 10:40

Fato

Fato mccastro qui, 08/13/2015 - 08:12

Fenomenologia

Fenomenologia mccastro dom, 06/14/2020 - 07:17

Freud (OC18) – Civilização e Cultura

Freud (OC18) – Civilização e Cultura mccastro seg, 06/01/2020 - 07:33

Função

Função mccastro qui, 08/13/2015 - 10:01

Hipótese

Hipótese mccastro sex, 02/03/2012 - 19:08

A HIPÓTESE E A EXPERIMENTAÇÃO

A HIPÓTESE E A EXPERIMENTAÇÃO mccastro sex, 02/03/2012 - 19:16

História

História mccastro qui, 08/20/2015 - 04:09

História

História mccastro sex, 02/03/2012 - 19:23

Documento Histórico

Documento Histórico mccastro sex, 02/03/2012 - 19:30

Método Histórico

Método Histórico mccastro sex, 02/03/2012 - 19:26

Objetividade Histórica

Objetividade Histórica mccastro sex, 02/03/2012 - 20:16

Presente e Passado

Presente e Passado mccastro sex, 02/03/2012 - 20:14

História das Ciências

História das Ciências mccastro sab, 09/27/2014 - 17:29

Idealismo

Idealismo mccastro dom, 02/05/2012 - 07:09

Barbuy: idealismo e positivismo

Barbuy: idealismo e positivismo mccastro sab, 06/13/2020 - 15:44

Excerto de CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE DO SENSO COMUM, Revista Brasileira de Filosofia, vol. III, fase. 4, 1953.

A negação do existencial nos idealismos derivados de Kant — em particular no de Hegel — criou a necessidade artificial de uma reconstrução do mundo pelo próprio homem, agora abandonado a si mesmo, mas tomado da consciência idealista de que a realidade decorre dele mesmo e será tal qual sua razão a construir e sua vontade a plasmar: esta é uma dimensão do criticismo kantiano, que atribui ao homem a tarefa de plasmar e replasmar o mundo, num desesperado esforço de retorno ao concreto; tal é a herança romântica de Kant, por onde se encontra revivendo a crença na façanha do herói e no poder mágico da vontade; negada a realidade concreta pelas abstrações científicas, produto da decomposição do homem pelo racionalismo, a tarefa da filosofia romântica, ainda apegada à tradição e ao mito, foi replasmar a realidade perdida, no termo de uma ação transfiguradora; é por isso que a crise espiritual do mundo moderno tem no idealismo um espírito muito diverso do que tem no positivismo: este último nega ao contrário a grandeza da ação e a magia da vontade, afirmando a natureza material como produtora e não como produto do homem. Mas o idealismo, cortadas as relações do homem com a realidade pela morte da metafísica, se caracteriza pela tentativa de lançar uma ponte entre o nada e o ser, como quando se vê o Espírito Absoluto ou o Ego Absoluto determinando-se para tirar o ser do nada e construir de novo a realidade. O voluntarismo contemporâneo exprime justamente o esforço com que se procura cobrir o abismo kantiano entre o pensamento e a realidade, por meio de um encontro que restabeleça o contato do homem com o mundo da sua vivência. Não é outro o sentido da vigorosa separação operada por Windelband, Rickert e Dilthey entre as ciências da natureza e as ciências do espírito, enquanto o positivismo se preocupava ainda em fechar toda a realidade nos limites das ciências naturais.

Ora, se o mundo não é construído essencialmente pela vontade humana, também a vontade humana não é construída pelo mundo; o idealismo e o positivismo são duas linhas divergentes que nasceram do abandono do senso comum e da realidade. A realidade não se explica por uma ação pura da vontade e muito menos pelas ideias claras e distintas e pelas fórmulas algébricas que se detêm na superfície do fenômeno, no mundo rotineiro das relações, sem penetrar os abismos e mistérios sobre os quais os fenômenos se suspendem.

Imagem

Imagem mccastro seg, 10/19/2020 - 15:13

Imaginação

Imaginação mccastro sab, 06/27/2020 - 15:08

Intelecção

Intelecção mccastro qui, 10/08/2020 - 16:42

Inteligência

Inteligência mccastro qui, 10/08/2020 - 11:26

Intuição

Intuição mccastro sex, 02/03/2012 - 13:31

Lei

Lei
mccastro sex, 02/03/2012 - 17:59

Linguagem

Linguagem mccastro qui, 08/13/2015 - 12:15

Linguagem, segundo Heidegger

Linguagem, segundo Heidegger mccastro qui, 08/20/2015 - 12:33

Língua

Língua mccastro qui, 06/04/2020 - 06:23

Matemática

Matemática mccastro sex, 02/03/2012 - 18:16

O matemático

O matemático mccastro sex, 02/03/2012 - 18:19

Mecanicismo

Mecanicismo mccastro sab, 09/27/2014 - 17:19

Metafísica e Ontologia

Metafísica e Ontologia mccastro sex, 06/12/2020 - 22:12

Excerto de CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE DO SENSO COMUM, Revista Brasileira de Filosofia", vol. III, fase. 4, 1953.

Com a teoria do universal matemático, este novo método que deveria eliminar do campo da verdade tudo quanto é realidade, instaura-se uma separação definitiva entre a vida e a filosofia, pelo desaparecimento da Metafísica. Antes de Descartes, a palavra Metafísica não significava um universo de essências etéreas e relações abstratas; a metafísica significava justamente o que ela é, ou seja, uma ciência da realidade compreendida não como oposição mas como sinônimo da verdade; uma ciência da realidade e a única ciência da realidade, porque uma ciência da essência e da existência dos seres. Mas depois de Descartes a metafísica se separou de tal modo da realidade, a realidade começou a ser vista não mais como algo de substancial e sim como um conjunto de aparências e fenômenos; e essas aparências e fenômenos se converteram em algo tão distinto e tão separado do ser, que foi preciso fabricar uma ciência nova, substitutiva da metafísica e especialmente endereçada ao estudo do ser, como se o estudo da realidade, já por si mesmo, não fosse o estudo do ser; mas a realidade era agora uma cousa e outra era o ser; nem poderia explicar-se, sem esta separação radical, o aparecimento, no séc. XVII, de uma nova ciência de tipo cartesiano a que Clauberg deu o nome de ontologia: o aparecimento da ontologia manifesta uma atitude de espírito que nega o senso comum pela separação entre a realidade concreta e o mundo do pensamento. Não menos expressivo é o lançamento, por Goclenius de Marburg, em fins do séc. XVI, da ciência denominada "Psychologia", que se destacou inteiramente daquela Philosophia Naturalis, onde os medievais, radicados ao mundo concreto, discutiam os problemas da alma: De anima. A psicologia e a ontologia nasceram como ciências isoladas, completamente desligadas do real, em virtude da mesma tendência que levou o pensamento dos últimos séculos a querer explicar o total pela ciência de alguma de suas partes. Corolário desta tendência é a generalizada ideia de que, para os gregos a philosophia teria sido representada pela soma de todo o saber humano, incluído tudo quanto veio a constituir depois o objeto de cada uma das ciências particulares; os positivistas vulgarizaram esta noção e consideraram que, na proporção em que as várias ciências foram surgindo e crescendo, desmembraram-se da filosofia, cujo domínio assim se foi empobrecendo até que um dia, quando não mais houvesse mistérios e incognoscíveis, quando tudo fosse objeto de ciência, não mais haveria lugar para a filosofiaUm dos manuais que divulgam essa noção, espalhada hoje por toda parte é o Manuel de Philosofia, do sr. Armand Cuvillier, que é afinal de contas, uma erudita compilação de informações, inteiramente destituídas de orientação e de espírito filosófico.. Este erro positivista nasceu daquela universal matemática de Descartes, que só admitia um modo de conhecimento, que era o fundado nas ciências da clareza e nas ideias distintas e portanto naquelas ciências que menos podem captar a realidade, a partir do princípio de que não captam sequer a essência e a existência dos seus próprios objetos. No entanto, Platão já havia definido a filosofia, não como a soma do que se pode saber a respeito dos fenômenos superficiais do mundo e sim como a ciência da essência e da existência das cousas, tal como Aristóteles a definiu — como a ciência do ser enquanto ser, portanto como uma ciência cujo objeto é a realidade total e não alguma superficializada realidade particular das que vieram a ser o campo de ensaio das ciências particularesA este respeito a conferência do Professor Leonardo Van Acker sobre "A Objetividade da Filosofia" (anais do 1.° Congresso Brasileiro de Filosofia, vol. I)..

Metodologia

Metodologia mccastro sex, 02/22/2013 - 11:39

Método Experimental

Método Experimental mccastro sex, 02/03/2012 - 18:57

Natureza

Natureza mccastro qui, 04/02/2020 - 13:32

Excerto de BARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 88-89

Mas antes de se tornar com Platão a Dialética da essência dos seres, a filosofia não procurava saber o que é que as cousas são ou no que consistemComo dá a entender a obra de Manuel Garcia Morente sobre os Fundamentos da Filosofia.; voltava-se antes para a Natureza enquanto mistério das origens; a filosofia se constitui tal inicialmente porque se perguntou a si mesma porque é que algo é, quando o que é poderia não ser. Sob a penumbra da poesia e do mito, os pré-socráticos viram, no que é, um reflexo da Luz e da Sombra e um mistério da Natureza.

Bastaria alargar um pouco as meditações de Heidegger sobre o sentido íntimo da Physis a propósito da poesia de Hölderlin ou então bastaria procurar os fundamentos mythicos da filosofia da Physis e ver-se-ia que não é só até Anaximandro, como pretende Heidegger, mas até o fim de sua grande tradição, que a filosofia grega conservou como archetypo o que Platão, numa passagem famosa, denominava o realmente real, ou a essência dessa realidade que foi a Physis. A busca do Ser, como fonte, fundamento e suporte dos seres, marcou justamente a filosofia grega desde Thales até Aristóteles, passando por Platão. O Ser e a Natureza estão intimamente ligados, porque não pode haver Natureza, onde não houver o Ser que a manifeste.

A Physis grega é uma Natureza sagrada porque é o lugar da manifestação do Ser; o nada relativo, a Physis indefinível que se levante da visão pré-socrática da realidade, constitui como um fundo, do qual se erguem as existências, como os perfis que se desenham na sombra, ao clarão de uma luz fecundante. Os seres são como a irradiação do Ser e é o Ser que mantém os seres que não poderiam manifestar-se fora do seu influxo. Tal, desde Thales até Aristóteles, olhando o princípio sombrio de onde os seres saem, ou a luz que faz emergirem os seres, a filosofia grega apresenta uma surpreendente coerência interior.

Se os gregos falavam de um Kosmos, como de um princípio de ordem, é porque supunham a preexistência do chaos, como confusão, indeterminação e noite. Se perguntavam qual é a realidade da qual o real se destaca, a Physis era essa realidade, do qual o real era determinado; mas se por outro lado perguntavam qual é a realidade que faz com que o real se

destaque da noite sombria da Physis, não deslocavam o mistério, porque buscavam esse realmente real que preocupou a filosofia platônica.

A visão dos seres, como o que se desenha por um momento sobre a Noite originária da Physis, como o que a luz do inteligível faz emergir da obscuridade do Chaos, essa visão pré-socrática revive na filosofia platônica, onde a realidade aparente nasce de um jogo de luz e de sombra, como tão bem atesta a doutrina das Ideias e particularmente o mito da Caverna (Rep., L. VII).

Pode pois Heidegger interpretar arbitrariamente a filosofia de Platão, quando diz que desde Anaximandro até Nietzsche a filosofia não foi mais do que um errar no meio dos entes com o esquecimento do Ser e quando declara que desde Anaximandro a filosofia grega não foi senão um pensamento de fabricação, um pensamento do que se produz e se fabrica. A interpretação de Heidegger pode ser gratuita e arbitrária, — porque se encontra em Platão e Aristóteles, pelo menos a visão da Natureza como tensão, como equilíbrio instável e luta dos contrários, como crescimento e desaparição, como fenômeno e realidade profunda. Toda a filosofia platônica é dominada pela visão da luz eterna que brilha na obscuridade da Physis.

Observação

Observação mccastro sex, 02/03/2012 - 19:01

A observação atua sobre o objeto observado

A observação atua sobre o objeto observado mccastro sex, 02/03/2012 - 19:05

Ontológico

Ontológico mccastro dom, 02/10/2013 - 16:01

Palavra

Palavra mccastro dom, 09/20/2020 - 09:40

Pensamento

Pensamento mccastro sex, 08/21/2015 - 13:51

Pensar

Pensar mccastro sex, 05/29/2020 - 07:08

Positivismo e Antipositivismo

Positivismo e Antipositivismo mccastro seg, 02/01/2021 - 14:42

1. Antipositivismo (é o nosso único «-ismo», prefixado pelo tão pouco simpático «anti-»), que consiste, mais precisamente, na obediência ao que poderia chamar-se um «princípio de conservação»: religião (com o mítico), metafísica e ciência não são intercambiáveis, substituíveis, cada uma delas, por qualquer das outras, e não vemos qualquer relação genealógica entre elas (embora algumas das páginas seguintes pareçam afirmar o contrário).

2. Primeiro corolário, é que, mesmo supondo provada historicamente a sucessão do respectivo exercício, todas três coexistem e se inter-relacionam. Com notável frequência, duas a duas, podem, latente ou patentemente, existir e subsistir em relação pacífica ou polémica. Mas uma religião (ou um mito) só pode ser substituída por outra religião (ou outro mito), e o mesmo se diria, com igual veracidade, quanto à metafísica ou a qualquer teoria ou método científico. [DE SOUSA, Eudoro.  Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 154]

Problema

Problema mccastro qua, 09/26/2012 - 18:29

Produção

Produção mccastro sex, 08/14/2015 - 13:49

Prova

Prova mccastro sab, 06/13/2020 - 07:27

Excerto de CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE DO SENSO COMUM, Revista Brasileira de Filosofia, vol. III, fase. 4, 1953.

A ideia de prova exerce um papel capital na filosofia de Kant, dominada pelo princípio de que só é verdade o que pode ser provado, quando ao contrário a verdade profunda é precisamente aquela que não se pode provar, como não se provam sequer os pontos de partida das ciências da natureza, cujas demonstrações se fazem a partir de um princípio indemonstrável.

Questão

Questão mccastro sab, 02/04/2012 - 16:45

Raciocínio

Raciocínio mccastro sex, 02/03/2012 - 15:46

Razão

Razão mccastro qui, 01/31/2013 - 12:38

Realidade

Realidade mccastro sex, 05/29/2020 - 16:21

Realismo

Realismo mccastro qua, 01/01/2020 - 20:58

Responsabilidade

Responsabilidade mccastro sex, 08/14/2015 - 12:18

Senso comum

Senso comum mccastro sex, 06/12/2020 - 15:57

Excerto de CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISE DO SENSO COMUM, Revista Brasileira de Filosofia, vol. III, fase. 4, 1953.

O termo "senso comum" designa desde Aristóteles uma faculdade interna que distingue, centraliza e coordena as impressões recebidas de fora e adquire importância capital no processo do conhecimento, pois estabelece uma ligação entre o abstrato do conhecimento intelectual e o concreto da experiência vital. Em Aristóteles o senso comum aparece primeiramente como um sentido comum aos demais (De Anima, 425, a, b); um sentido anorgânico que liga o julgamento ao sensível concreto, enunciando a diferença entre qualidades distintas, que são objetos de sentidos orgânicos distintos; o senso comum é sempre a única e mesma faculdade que se pronuncia (ou que julga) juntamente com as demais e que, assim como julga assim também pensa e percebe, desde que não é possível, com órgãos separados julgar sensíveis separados (426, a); é a faculdade que faz a unidade do conhecimento sensível e opera a discriminação entre os sensíveis do mesmo gênero e de gêneros distintos (431, a); é a matéria-prima da sensitiva (S. Tomás, Summa Th. I, 78, 4 — De Somno et Vigilia, c. 2, lect. 3 — II Sent. dist. 20 q 2 a 2). — Esta collatio é que faz com que a cogitativa (que poderia ter vindo a ser a denominação do senso comum) seja uma ratio particularis, collativa intentionum individualium, assim como a ratio intellectiva é uma ratio intentionum universalium. — Sensus communis, phantasia, aestimativa, cogitativa, memorativa, constituem o fundamento próximo do senso comum na sua acepção corrente e no seu sentido lato, que é o de uma faculdade dominante da experiência vital e se alarga, desde a percepção que distingue uma sensação de outra, até o julgamento do valor dos objetos concretos, faculdade sem a qual o conhecimento intelectivo seria impossível, desde que a inteligência conhece através dos sentidos sobre os quais elabora os conceitos; nem a inteligência sem o senso comum, nem o senso comum sem a inteligência podem elaborar o conhecimento da realidade; a inteligência conhece mais do que os sentidos, mas não poderia conhecer nada sem os sentidos; licet intellectus operado oriatur a sensu tamen in re apprehensa per sensum intellectus multa cognoscit quae sensus percipere non potest.   (Summa Th.   78, a. 4, ad 4). No mais profundo dos seus sentidos o senso comum é a faculdade que dá unidade à experiência vital, liga o homem ao mundo existente, constitui o intermediário entre o mundo dos objetos particulares e a universalidade dos conceitos; este valor do senso comum no seu sentido lato se realça no homem nas potências cogitativa e memorativa, per aliquam affinitatem et propinquitatem ad rationem universalem (id. ad5).   O intelecto passivo é assim chamado virtus cogitativa quae nominatur ratio particularis (Summa Th. 79, a. 2 ad 2; Quaest. Disp. De Anima a. 13).   O senso comum pode definir-se, pois, como razão particular, como intuição do concreto, como relação direta entre o sujeito e o mundo existente.

Assim como o conjunto das faculdades do senso comum se comporta para com a inteligência teórica, assim também se comporta para com a inteligência prática; assim como os primeiros princípios da inteligência especulativa são pertinentes a um hábito especial e faculdade dianoiética, ou do conhecimento discursivo, que julga segundo imagens sensíveis, de onde formula os conceitos de bom e de mau, pois que a alma não pensa sem imagens (431, a); è o ponto de partida de todo intelecto prático (431, a, b); é indispensável à faculdade noética que pensa as formas nas imagens (431, b). O senso comum aristotélico julga, pensa, discerne, liga a inteligência à realidade; é uma verdadeira consciência sensível.

O senso comum pode ser tomado como o conjunto daquelas faculdades internas que os escolásticos distinguiram: inicialmente a própria faculdade que se denominou sensus communis, sentido interno radical que faz com que o animal se sinta sentindo, consciência sensível que, anterior a toda razão, dirige a sabedoria dos atos vitais; a segunda faculdade interna é a imaginação, pela qual as sensações exteriores se interiorizam e se gravam; a terceira e de todas a mais importante é a vis aestimativa que dá ao ser vivo a intuição profunda do que lhe é útil ou nocivo; esta ligação direta do ser vivo com o objeto concreto e com a sua natureza, vis aestimativa (de aes + tumo, avaliar, intuir o valor) constitui o nexo do que se pode chamar o senso comum no sentido lato, no que tem de mais íntimo e que é a intuição do sensato e do insensato ou a intuição do valor dos objetos concretos; por isso Santo Tomás define a vis aestimativa como a percepção das intenções insensatas e a memória sensitiva, que é a quarta faculdade interna, como thesaurus intentionum insensatarum; a vis aestimativa no homem, diversamente do que sucede com os animais, se desdobra na vis cogitativa, intuição de grau mais amplo, movida pela inteligência na percepção das intenções insensatas: cogitativa, de co-agitare, por causa da sua fusão, da sua collatio com a inteligência no julgamento do objeto concreto (Santo Tomás, Questiones disputatae De Anima a. 13); a cogitativa não sendo determinada e limitada como a aestimativa, torna possível emitir juízos concretos e seguros sobre os mais variados objetos; a vis cogitativa é uma collatio da aestimativa com a inteligência, assim como a reminiscentia é uma collatio da inteligência com a memória anteriores a toda razão discursiva, indemonstráveis portanto, assim também o princípio de toda ação deriva de um hábito natural a que os escolásticos e Santo Tomás denominam synderesis (Suma Th., q. 79 a 12). Os princípios da ordem teórica e os da ordem moral ou prática, como evidentes por si mesmos poderiam ser tomados como verdades do senso comum, se o senso comum não fosse aqui tomado mais particularmente como a ligação do homem com o particular, com o concreto.   Esta ligação na ordem moral é estabelecida pela consciência, que é o juízo do agir nas cousas particulares em relação com a lei natural objetiva; a consciência, que São Jerônimo identifica com a synderesis, conforme a citação de Santo Tomás e que São Basílio denomina naturale indicatorium, como todo o conjunto das faculdades que ligam o homem à realidade concreta é um kriterión physikón, um critério do conhecimento do bem e do mal, uma intuição que penetra a essência íntima do individual, que a inteligência só conhece abstratamente. Mas a importância dessa intuição que penetra o individual e vive a sua interioridade, intuição que Bergson apresentou como a última novidade da filosofia da sua época, ressalta já clarissimamente da obra de Santo Tomás pela simples observação de que, em primeiro lugar, a inteligência para Santo Tomás não conhece o particular; e em segundo lugar só o particular é real, só o indivíduo é concreto; portanto a verdadeira faculdade conhecedora da realidade é a intuição que conhece o particular. Por outro lado, nenhum conhecimento do geral e do abstrato seria possível sem a inteligência; a autenticidade de um conhecimento intelectual se funda na sua relação com a realidade concreta, através do senso comum no sentido lato ou da consciência na ordem moral.

Ser

Ser mccastro qui, 08/13/2015 - 12:57

Excerto de J.G.Bennett, «THE DRAMATIC UNIVERSE»

«Ser» é o segundo elemento em toda experiência, ou seja é igualmente pervasivo com função mas inteiramente distinto. Para apreciar o papel de «ser» podemos comparar experiência com água, que é sempre composta de hidrogênio e oxigênio. Assim como o hidrogênio não pode tornar-se água a não ser combinado com oxigênio, assim também o «ser» não pode tornar-se experiência a menos que unido à função. Como a água pode, em certas condições, estar parcialmente dissociada em seus elementos constituintes, assim também pode a experiência ser parcialmente dissociada em «ser» que não é inteiramente misturado com «função».

Uma enorme dificuldade em expôr este tema consiste no fato que nossa linguagem ordinária é aplicável quase inteiramente a distinções de função, ao passo que necessitamos para comunicação, também de nos expressar sobre «ser» e «[[:vontade». Assim para o primeiro destes elementos desconhecidos em toda experiência se costuma usar a palavra «ser», mas é necessário examinar cuidadosamente o significado que esta palavra deve sustentar. Ser é dado não menos imediatamente em nossa experiência do que função, mas é dado de uma maneira diferente. Ser concerne o [[:estado de nossa experiência. Por exemplo, a diferença entre o estado de sono e o estado de vigília é uma distinção de «ser» e não de «função». Ser importa a concretude que faz a experiência não ilusória. O caráter mais significante de «ser» é que é relativo — quanto menos «ser», menos completa a experiência e isenta de ilusão.

Ser não é atualizado. Não é um processo, mas dizer que ser não é um processo não significa que não tenha conexão com o tempo. Há, por exemplo uma flutuação da unificação interior tipificada na distinção entre os estados de sono e de vigília. Ser não devém, mas isto não significa que devir é independente de ser, pois cada totalidade é atualizada de acordo com o grau de sua unificação interior. Um todo com pouca unificação interior é atualizado como parte de um processo geral no qual está presente. Por exemplo, o ar nesta sala, consistindo de moléculas em movimento aleatório, encontra-se na gradação mais baixa de unificação interior.

Sistema

Sistema mccastro dom, 02/10/2013 - 15:22

Sociologia

Sociologia mccastro dom, 08/16/2020 - 06:15

Sujeito-Objeto

Sujeito-Objeto mccastro qua, 09/26/2012 - 19:21

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Teoria das Ciências

Teoria das Ciências mccastro qui, 01/31/2013 - 12:05

Teoria ingênua das ciências

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