Excertos de “A Filosofia Contemporânea Ocidental”, de I.M. Bochenski
Uma das maiores e mais perigosas ilusões da época moderna foi a cisão (bifurcation) da natureza em matéria e espírito. A existência do espírito está certamente fora de dúvida; é evidente. Mas, do mesmo modo que a matéria, tampouco o espírito pode ser considerado como substância. Ele é apenas uma série de acontecimentos, exatamente como o corpo. A consciência é uma função. A este propósito, Whitehead cita James e seu famoso ensaio, por ele também admirado: “Does conscioussness exist?” e adota a concepção puramente funcionalista aí exposta. Contudo, não é possível, afirma ele, considerar o espirito como epifenômeno da matéria. De um modo geral, é difícil delimitar o espírito e a matéria; pode, todavia, dizer-se que todo acontecimento é bipolar e, visto do interior, consciência. O elemento espiritual parece ser insignificante nos corpos inorgânicos, mas sua presença é evidente nos animais superiores e no homem. A filosofia do organismo não pode afirmar, nem tampouco negar de antemão, a existência de caminhos puramente espirituais e que os caminhos materiais em relação com eles carecem de importância (espíritos puros). Poderia afirmar-se a sobrevivência ou até a imortalidade da alma só à base de uma experiência peculiar, por exemplo, a experiência religiosa.