4. O apriorismo — Uma segunda tentativa de mediação entre o racionalismo e o empirismo é o apriorismo. Também este considera a experiência e o pensamento como fontes do conhecimento. Mas o apriorismo define a relação entre a experiência e o pensamento num sentido diretamente oposto ao intelectualismo. Como o próprio nome ‘apriorismo’ indica, o nosso conhecimento apresenta, no sentido desta corrente, elementos a priori, independentes da experiência. Esta era também a opinião do racionalismo, mas enquanto que este considerava os fatores a priori como completos, como conceitos perfeitos, para o apriorismo estes fatores são de natura formal. Não são conteúdos mas formas do conhecimento. Estas formas recebem o seu conteúdo da experiência e é nisto que o apriorismo se afasta do racionalismo e se aproxima do empirismo. Os fatores a priori assemelham-se, em certo sentido, a recipientes vazios, que a experiência enche com conteúdos concretos. O princípio do apriorismo diz: “Os conceitos sem as intuições são vazios, as intuições sem os conceitos são cegas”. Se colocamos o intelectualismo e o apriorismo em relação com as duas posições antagônicas entre as quais pretendem mediar, descobrimos logo que o intelectualismo se aproxima do empirismo; o apriorismo, pelo contrário, do racionalismo. O intelectualismo deriva os conceitos da experiência, enquanto que o apriorismo nega esta derivação e afirma o fato racional não na experiência mas sim na razão.