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informatização

A informatização pretende assim ser a realização do real pelo virtual. O virtual realiza o real, no sentido de “tornar real” o real. Uma incongruência que, cada vez mais, faz sentido para um contingente crescente da humanidade conectada como periférico de tecnologias da informação, interligadas pela teia da Internet.

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informática

O “dar-se e propor-se da informática” culmina todo o avanço tecno-científico moderno, na expressão de um engenho de representação informacional/comunicacional, produto e produtor de um meio técnico-científico-informacional, dentro do qual a humanidade é cooptada, conduzida e regida pela exigência crescente dos ditames extra-técnicos da tecnologia neste dar-se e propor-se.

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sig

O sig é um software, ou seja a combinação de um programa de computador + uma base de dados geoespaciais + uma base de dados territoriais georeferenciados. É, de fato, uma camada de “algoritmos + dados” encapsulando uma tecnologia da informação. A tecnologia da informação aparece então travestida em “geógrafo virtual”, mimetizando sua capacidade de atender às necessidades de representação e análise espacial. Desde que sua base de dados geoespaciais e de atributos dos mesmos, esteja devidamente organizada, segundo o protocolo que o sig determina para tal. Uma vez esta fantasia de sig, preenchida com um “corpo” de dados, um sistema parece ganhar vida como SIG e poder ser exercitado para representação e analise geoespacial.

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técnica

Técnica e tecnologia são dois termos que estranhamente intercambiaram suas noções desde o século XVIII. A tecnologia, que originalmente se referia ao “discurso da técnica”, veio indicar o equipamento, máquina ou dispositivo propriamente dito, enquanto a técnica veio a se ocupar do discurso sobre ela mesma. Neste sentido se usa o termo ‘técnica’, afinado com a noção grega original de arte, de savoir-faire ou de “fazimento”. E, é justamente a técnica sob esta noção de “fazimento”, como denominou Darcy Ribeiro os fazeres indígenas, que nos interessa em nossa reflexão, em que prima a “questão da técnica” posta por Heidegger [GA7].

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dados

Uma representação de dados é a “tradução” de entes intramundanos em símbolos e algoritmos operadores destes símbolos, pretendendo resumir o objeto original a seu simulacro digital. Este simulacro é assim capaz de ser tratado por uma cadeia de processos de coleta, captura, organização, armazenamento, processamento, apresentação e distribuição através de tecnologias da informação e da comunicação.

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representação

Diferenciando-se do percepcionar grego, o representar moderno, cujo significado é expresso aproximadamente pela palavra repraesentatio, quer dizer algo muito diferente. Re-presentar significa aqui trazer para diante de si o que-está-perante enquanto algo contraposto, remetê-lo a si, ao que representa, e, nesta referência, empurrá-lo para si como o âmbito paradigmático. Onde tal acontece, é o homem que, sobre o ente, se põe como imagem. Mas na medida em que o homem, deste modo, se põe como imagem, ele põe-se a si mesmo em cena, isto é, no círculo aberto do que é universal e publicamente representado. Com isso, o homem põe-se a si mesmo como a cena, na qual o ente doravante se tem de re-presentar, presentificar [präsentieren], [114] isto é, ser imagem. O homem torna-se no que representifica [Repräsentant] o ente, no sentido do que é objetivo. [Heidegger, GA5]

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SIG

O SIG é um Sistema de Informação resultante da coalescência de pessoas, de técnicas, de problemas e de organizações, dentro e conforme a um meio técnico-científico-informacional, constituído e instituído sob a regência metodológica de um software ‘sig‘, o qual:

  • converge diferentes tecnologias e distintas disciplinas…
  • potencializa as Geociências por sua virtualização…
  • integra técnicas e métodos de distintas disciplinas

Originariamente Geographic(al) Information System [GIS]

  1. A proposta de criação do National Center for Geographic Information and Analysis – NCGIA, segundo exposto pelo geógrafo Jerome E. Dobson (1993a)DOBSON, J.E. “A Rationale for the National Center for Geographic Information and Analysis”, in Professional Geographer 45(2), 1993a., um de seus principais idealizadores e fundadores: a “maior e mais transcendental (sic) necessidade da Geografia é compreender as ligações conceituais e funcionais entre o GIS e o núcleo intelectual da Geografia”. Dobson se justifica perante os colegas geógrafos pela centralidade concedida ao GIS, pois o considera o maior “condutor” de conhecimento de e para o mundo científico e técnico.
  2. “A revolução do GISse caracterizou como um deslocamento fundamental dos meios de representação e análise da realidade geográfica, do analógico para o digital”. Para Dobson, o analógico se tornando incapaz de lidar com a explosão de informações a partir do Renascimento, colocou a Geografia em uma posição de desvantagem, comparativamente a outras disciplinas; graças às tecnologias da informação, este quadro está se revertendo…
  3. A revolução liderada pelo GIS, como propugna Dobson, corre o risco de se parecer mais com uma “sublevação”, uma “subversão” promovida por elementos exógenos à tradição do pensamento geográfico. Nunca é de mais ressaltar a importância do ser humano na condução equilibrada desta proposta de metamorfose forçada “de fora para dentro” da Geografia. A informatização da disciplina é inevitável, mas não pode implicar de maneira alguma na transformação das pessoas em periféricos de sig, “dispositivos” lúdicos acionados pela interação com o sig.

A revolução do sigsó tem sentido se tomada strictu sensu conforme o significado original da palavra “revolução”, um movimento que reporta à origem, a partir do qual tudo se forma segundo sua razão de ser. Este tipo de revolução é “permanente”, não sendo ativada “de fora para dentro”…

Natureza do SIG