Alguns pensamentos de Howard Rheingold, segundo Henrique Antoun (“Cooperação, Colaboração e Mercado na Cibercultura”)
Quanto mais fácil é para as pessoas formar novas associações mais cresce o capital social destas associações, gerando uma maior prosperidade para todos (Rheingold, 2002).
Cabe também apontar que um espaço construído através da virtualidade pode se subdividir infinitamente sem maiores custos, como antes apenas era capacitado ao tempo. O espaço virtual pode, deste modo, se transformar e multiplicar na mesma velocidade dos interesses e afetos, garantindo sua reunião e ordenação sem limitar sua orientação e movimentação. Mesmo a distância cognitiva — que emerge com a reprodução barata e ilimitada da informação disponível — é relativizada pelas facilidades de construção de teias de comunicação e de uso de agentes de localização desenvolvidos nas interfaces. Por outro lado a simplicidade em aderir ou abandonar as comunidades transformam o sentido de identidade e pertencimento, fazendo com que o anonimato e a mobilidade não sejam mais antitéticos à reputação e segurança. A reputabilidade e a resolução de dilemas agora se desenvolvem através de mecanismos de auto-valoração e de auto-regulação embutidos nas próprias interfaces. (Rheingold, 2002)
O hacker emerge como um agente indeterminado capaz de se ocupar de todas as diferentes atividades que compõem o universo da CMC e da TIC. Desenvolvimento de linguagens de programação, configuração e alteração de hardware, produção e transformação de software, desenvolvimento de sistemas operacionais, desenvolvimento de jogos eletrônicos, criação e administração de redes; em todas as áreas o hacker é o mago capaz de realizar o que é vedado às demais criaturas (Levy, 1994). Se considerarmos, entretanto, que a rede institucionalmente foi constituída tanto pelos interesses oriundos da segurança territorial e política, para resolver questões militares de conflito mundial, quanto pelos interesses oriundos da educação e pesquisa científica, para resolver problemas de cooperação em pesquisa; o hacker surge como um agente móvel que vem de fora das instituições (Rheingold, 1993).
O mecanismo de avaliação de um produto ou opinião pelos próprios compradores e leitores na interface da Amazon, ou o mecanismo de avaliação dos compradores e vendedores por eles próprios na interface do Ebay formam redes de parceria que agregam um alto valor às empresas através do processo de partilha graciosa (Rheingold, 2002).
A Amazon e o E-bay eliminam empregos e afirmam a superioridade das chamadas “empresas ponto com” sobre as tradicionais empresas do espaço real (Rheingold, 2002).
A partir desta perspectiva acreditamos que o ciberespaço não se organizaria em massas, mas em multidões (Negri, 2003), distribuídas em comunidades virtuais e integradas em forma de rede (Rheingold, 2002).
NEGRI, A. 2003. Cinco lições sobre Império. Rio de Janeiro, DP&A.
RHEINGOLD, H. 2002. Smart Mobs: the next social revolution. Cambridge, Perseus.
_________ 1993. The Virtual Community: homesteading on the electronic frontier. Nova Iorque, Harper Collins.