Apresentado o modelo figurativo como uma estrutura acabada, porém apontando uma certa dinâmica, onde seus componentes foram analisados e interpretados dentro da figura, de forma circular, e talvez até mesmo tautológica, é conveniente resgatar, tanto quanto possível, a gênese desta estrutura enquanto expressão de uma ideia. Afinal, como dissemos anteriormente: estrutura deve ser um conceito “de chegada” e não “de partida”…
Com base no trabalho do filósofo Raymond Abellio ((ABELLIO, Raymond. La Structure Absolue. Paris: Gallimard, 1965; ABELLIO, Raymond. Manifeste de la Nouvelle Gnose. Paris: Gallimard, 1989.), pude constatar que um instrumento, como, no caso o SIG, se estabelece através de um processo, que uma vez conhecido pode esclarecer outros tantos aspectos de sua própria natureza.
Esse dito processo percorre etapas, através das quais a Razão pode vir a ser exercida em sua dimensão mais profunda, o Logos, assumindo seu legítimo e devido lugar. Etapas que Abellio define como “sacramentos” ou “asceses”, e que poderiam afigurar-se da seguinte maneira, usando uma terminologia cristã (por conveniência de ser conhecida):
- Concepção, percurso das “águas indiferenciadas” até o nascimento da Razão; uma fase pré-racional até a manifestação de uma Razão instrumental, tecno-científica, que coloca uma separação entre “eu” e “mundo”; nesta etapa, intensifica-se aos poucos este distanciamento entre sujeito e objeto, pelo poder separador dos sentidos, que afastam o mundo da pessoa, para poder percebê-lo…
- Batismo, quando, pelo despertar da consciência que se pode ter dos próprios sentidos, atuando como mediadores entre um sujeito e um objeto aparentes, uma “relação” passa a ser conscientemente percebida e mantida entre Homem e Mundo; nesta etapa pode se dar uma intensificação da consciência da relação sujeito-objeto, dentro da qual o conceito de “objeto” guarda em si, de forma subjacente, o conceito de “sujeito”…
- Comunhão, quando, pela intensificação da experiência do Batismo, surge a possibilidade de um novo estado de consciência, condição para a atuação da “Razão Objetiva”, que permite ao ser humano se reconhecer “sujeito” em um mundo de sujeitos, ou melhor, uma “subjetividade pura”…