Apesar da ampla difusão da denominação “Sistema de Informação Geográfica”, e de sua sigla “SIG”, cabe uma reflexão sobre o que este título pode estar indicando, além do arte-fato que comumente referencia. Nesta parte da teoria do SIG vai se tentar justamente criticar a aposição do qualificador “geográfico” e, em especial, sua associação a qualquer um dos termos da expressão “Sistema de Informação”.
A qualificação de “geográfico”, independente do termo a que se refere, pressupõe uma filiação ou uma associação à disciplina “Geografia”, entendida como um “sistema de investigação” capaz de se formular também, ela mesma, como um “Sistema de Informação” (Churchman, 1971). De qualquer forma, reconhece ao menos a capacidade do objeto técnico “Sistema de Informação”, de representar e expressar integral ou parcialmente a “análise geográfica” em plena ação, face um problema qualquer eleito em função das questões ou do objeto de estudo ideal da Geografia. Ou seja, a qualificação de “geográfico” admite que o “Sistema de Informação” mantém uma certa afinidade seja com o “objeto” e as questões essenciais da Geografia, seja com o “método”, a lógica da análise geográfica.
No entanto, o próprio qualificador “geográfico” no título do SIG, exige uma certa “arqueologia”, que, objetiva e pragmaticamente, deve ser reduzida de imediato, além de balizada por duas questões: existiriam realmente condições históricas, traços no pensamento geográfico, capazes de induzir a concepção e materialização do sig, dentro da Geografia? ou, seria o sig uma construção de “fora para dentro” da Geografia? e, neste último caso, de qualquer forma, que condições vêm favorecendo e/ou dificultando sua adoção pela Geografia?
Uma resposta “curta e grossa” é a seguinte: podem ser percebidos traços na história do pensamento geográfico, que indicam fatores bastante favoráveis a idealização e gênese de um “Sistema de Informação”, legitimamente qualificado como “geográfico”, mas a materialização que veio a ocorrer, através do sig, não responde à sua suposta idealização, concepção e implementação na Geografia O fato de alguns geógrafos (como, por exemplo: Tomlinson, Marble, Peuquet e Dobson, entre outros), terem sido coadjuvantes importantes na construção e internalização dos precursores dos SIGs atuais, dentro da Geografia, não significa de forma alguma que não se tenha adotado o paradigma informático na constituição destes primeiros SIGs, e portanto toda uma filosofia e sistema conceitual exógeno à Geografia.; arrisco afirmar que, o SIG, em sua versão atual, é uma construção de “fora para dentro” da Geografia.