Na década de 50, o termo e noção de informação ganhou um novo impulso, com a comercialização dos primeiros computadores de “uso geral” e a aparente necessidade de formalização de duas ciências: da Computação e da Informação. A Ciência da Informação visava superar as limitações originais da teoria de Shannon, e fundar um campo epistemológico tendo como objeto a “informação”, e um elenco de questões sobre ela, tais como: uso; fontes; formas de extração, de representação e de processamento; atributos e sua mensuração; valor e proteção1. Enquanto a Ciência da Computação reunia as formulações de calculabilidade, máquina de Turing, etc. em um conjunto de princípios de constituição básica da tecnologia da informação emergente.

A tendência a reificação da informação, adotada e celebrada também por biólogos e cientistas sociais, estatísticos e administradores, além de tornar o termo um equivalente de código ou dado simbólico, deixou de lado definitivamente, o significado original do termo informação. Segundo sua etimologia, o verbo informar, de origem latina, foi mais usado a partir do século XIV, e abrigou desde sua origem duas famílias de sentidos: primeiro, o sentido mais primordial, entre os gregos, de “dar uma forma a uma matéria”; passando a seguir, com a cultura latina, a significar também “dar conhecimento de alguma coisa a alguém”, à semelhança de dar forma ao conhecimento de alguém, como se conhecimento fosse uma substância, uma matéria. Este último sentido foi, por sua vez, privilegiado desde Descartes2.

Ao se tomar a informação como uma propriedade intrínseca do dado simbólico, e este último, como o formato codificado de um atributo da representação ideal de um objeto qualquer, valoriza-se sobremodo a possibilidade de coleta, captura, armazenamento e acumulação de representações digitais dos entes que nos cercam, a organização de seus atributos em modelos de dados, o seu processamento e transformação em diferentes formas de apresentação, e a sua distribuição e comercialização, como um bem material.

A informação obtida na interação com tecnologias da informação é, portanto, uma espécie de enunciado sobre algo, sobre uma coisa; um “dito em direção à coisa” em uma modalidade digital; uma categoria no modo informacional-comunicacional. Este enunciado virtual se dá pela prévia formulação algorítmica do sistema de programação de uma tecnologia da informação, na dis-posição dos dados simbólicos, armazenados na tecnologia e que representariam os atributos de algo sob uma codificação digital. Por conseguinte, este “dito em direção à coisa” só pode se realizar após uma sequência de procedimentos que garantem a dis-ponibilidade da razão e da memória humanas sob a forma digital para sua exploração.


  1. STAMPER, R.K.. “Information: Mystical Fluid or a Subject for Scientific Investigation?”, The Computer Journal 28 (3), 1985 

  2. LALANDE, André. Vocabulaire technique et critique de la philosophie. Volumes I et II. Quadrige. Paris: PUF, 1926/1993 

Essência da Informática