Categoria: Edmund Husserl
-
Anne Fagot-Largeault – A intersubjetividade transcendental em Edmund Husserl
Dois textos de Edmundo Husserl serão aqui examinados. A Krisis é posterior às Meditações cartesianas (MCH). Autorizamo-nos com um argumento de Jan Patocka (1988, p. 169) a considerá-los no sentido contrário de sua cronologia. Segundo Patocka, Husserl tinha o projeto de fazer uma exposição sistemática do programa de uma filosofia fenomenológica tomando por base um…
Ler mais …
-
Husserl (Ideias:§50) – A redução e o resíduo fenomenológico
É claro agora que, de fato, ao contrário da atitude teórica natural cujo correlato é o mundo, uma nova atitude deve ser possível, a qual, mesmo quando toda a natureza física foi posta fora de circuito, deixa subsistir algo, a saber todo o campo da consciência absoluta. Portanto, em lugar de viver ingenuamente na experiência…
Ler mais …
-
Husserl (Krisis) – A priori lógico e a priori do mundo da vida
Se o nosso interesse exclusivo se dirige para o “mundo da vida”, temos <141> de perguntar: está, então, o mundo da vida, como tema científico universal, exposto já pela epoché relativa à ciência objetiva?[[Recordemos, em primeiro lugar, que aquilo a que chamamos ciência é, no interior do mundo que nos é permanentemente válido como mundo…
Ler mais …
-
Vancourt: Imediato e Fenômeno
Excertos de R. Vancourt, A Estrutura da Filosofia Muito mais que volta ao imediato, fala-se agora de volta aos fenômenos, às coisas, ao vivido. Mas estas expressões recebem muitas vezes um significado que as aproxima singularmente do imediato bergsoniano. É o que acontece com esta fenomenologia que habitualmente é qualificada de existencialismo1. Merleau-Ponty reconhece-o expressamente:…
Ler mais …
-
Marc Richir – A ciência moderna procede da idealização
Excerto de Marc Richir, «Science et phénoménologie» A ciência moderna procede da idealização, quer dizer da determinação segundo a exatidão matemática, de tudo o que no mundo da vida, a Lebenswelt, permanece irredutivelmente imerso no flou eidético, na indeterminabilidade ao menos relativa mas sempre indefinidamente aberta dos seres e das coisas. Esta idealização que procede…
Ler mais …
-
Husserl (Krisis) – O sentido da história e a filosofia moderna
A Crise das Ciências Europeias, trad. E. Gerrer, Les Études Philosophiques, n.° 2, 1949, pp. 139-140 Se refletimos nos efeitos da evolução das ideias filosóficas sobre toda a humanidade (aquela que não se ocupa ela mesma dos problemas filosóficos), devemos dizer: só a compreensão interna do vai e vem da filosofia moderna, de Descartes aos…
Ler mais …
-
Husserl (Geometria) – A história como gênese do sentido
(A Origem da Geometria, trad. J. Derrida, Presses Universitaires de France, pp. 201-203). Compreender a geometria e um fato de cultura dado em geral é já estar consciente da sua historicidade, ainda que de maneira «implícita». Mas isto não é uma locução vazia, pois é verdadeiro de maneira completamente universal, para todo o fato dado…
Ler mais …
-
Husserl – A filosofia, ciência rigorosa
(Posfácio às minhas «Ideias diretizes», trad. L. Kelkel, Revue de Métaphysique et de Morale, 1957, n.° 4, pp. 372-374). Restituo a ideia de filosofia mais original, a que, desde a sua primeira expressão coerente dada por Platão, se encontra à base da nossa filosofia e da nossa ciência europeias e permanece para elas a indicação…
Ler mais …
-
Husserl (Ciência Rigorosa) – O ideal do radicalismo
Com certeza que temos necessidade da história. Não, é verdade, à maneira do historiador, para nos perdermos nas complicações no seio das quais se desenvolveram as grandes filosofias, mas para deixar as próprias filosofias, em conformidade com a sua própria forma espiritual, inspirar-nos. De fato, quando sabemos contemplá-las, quando sabemos penetrar na alma das suas…
Ler mais …
-
Husserl – Valor supra-histórico da filosofia
(A Filosofia como Ciência Rigorosa, trad. Q. Lauer, Presses Universitaires de France, pp. 103-104). O matemático não se voltará, certamente, para a história para obter informações sobre a verdade das teorias matemáticas; não pensará estabelecer a relação entre o desenvolvimento histórico das representações e dos juízos matemáticos e a questão da sua verdade. Como é,…
Ler mais …
-
Husserl (Krisis) – O problema do mundo da vida e as ciências objetivas
A ciência é uma obra espiritual do homem que pressupõe como ponto de partida, historicamente e também para quem quer que a estude, o mundo ambiente da vida, mundo da intuição universalmente pré-dada como existente; mas além disso, na sua aplicação e no seu desenvolvimento, a ciência pressupõe também continuamente este mundo ambiente enquanto se…
Ler mais …
-
Husserl (Meditações) – O idealismo transcendental
Todo o sentido e todo o ser imagináveis, chamem-se imanentes ou transcendentes, fazem parte do domínio da subjetividade transcendental enquanto constituinte de todo o sentido e de todo o ser. Querer captar o universo do ser verdadeiro como algo que se encontra fora do universo da consciência, do conhecimento, da evidência possíveis, supor que o…
Ler mais …
-
Husserl (Ideen) – Constituição da natureza objetiva
(Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie, II, Husserliana, IV, La Haye, M. Nijhoff, 1952, pp. 81-82, trad. A. L. Kelkel e R. Schérer). Toda a coisa da minha experiência faz parte do meu «ambiente» e isto quer, primeiramente, dizer que o meu corpo próprio está presente também ao mesmo tempo. Não que esta…
Ler mais …
-
Husserl – Intersubjetividade e mundo da experiência pura
(Lógica Formal e Lógica Transcendental, trad. S. Bachelard, Presses Universitaires de France, pp. 322-323). Partamos do fato que para nós, ou para falar mais claramente, para mim enquanto ego, o mundo é constituído como mundo «objetivo», no sentido de mundo que existe para todo o ser, que se revela, tal como é, na comunidade intersubjetiva…
Ler mais …
-
Husserl – O papel do corpo na percepção de outrem
Erste Philosophie. Erster Teil Kritische Ideengeschichte; Zweiter Teil Theorie der Phänomenologischen Reduktion, Text nach Husserliana VII und VIII (Gesammelte Schriften, 6) (Erste Philosophie (1923-1924), II, Husserliana, t. VIII, La Haye, M. Uijhoff, 1959, pp. 61-64, trad. A. L. Kelkel e R. Schérer). Se me pergunto como é que os corpos estranhos como tais, isto é,…
Ler mais …
-
Husserl – A constituição operada pela consciência
Lógica Formal e Lógica Transcendental, trad. S. Bachelard, Presses Universitaires de France, pp. 327-329 A referência universal de tudo o que é concebível para um eu à vida da sua consciência é, sem dúvida, bem conhecida já desde Descartes como um fato filosófico fundamental e dela se fala muito, em particular na época moderna. Mas…
Ler mais …
-
Husserl – Os limites da redução cartesiana
A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental, trad. E. Gerrer, Les Études Philosophiques, IV, 1959, p. 281 O que a época moderna chama teoria da inteligência ou da razão e, de uma maneira bem significativa, crítica da razão, problemática transcendental, tira as raízes do seu sentido das Meditações Cartesianas. A Antiguidade não conhecia…
Ler mais …
-
Husserl (Meditações) – Reflexão natural e reflexão transcendental
Na reflexão natural que se efetua na vida corrente, mas também em psicologia (portanto, na experiência psicológica dos meus próprios estados psíquicos), somos colocados no terreno do mundo, do mundo posto como existente. É assim que enunciamos na vida corrente: «Vejo além uma casa», ou ainda: «Lembro-me de ter ouvido esta melodia», e assim de…
Ler mais …
-
Husserl – Vivido no noético e no noema
(Ideias Diretrizes para uma Fenomenologia, trad. P. Ricoeur, ed. Gallimard, 1950, pp. 304-307). Todo o vivido intencional, graças aos seus momentos noéticos, é precisamente um vivido noético; a sua essência é de esconder em si algo como um «sentido», quiçá um sentido múltiplo, e, com base nestas doações de sentido e em íntima ligação com…
Ler mais …
-
Husserl – O ser absoluto da consciência
(Ideias Diretrizes para uma Fenomenologia, trad. P. Ricoeur, ed. Gallimard, 1950, pp. 160-164). A existência de um mundo é o correlato de um certo diverso da experiência que se distingue por certas configurações eidéticas. Mas nenhuma evidência exige que as experiências atuais só possam desenrolar-se se apresentarem tais formas de encadeamento; se se consulta puramente…
Ler mais …