Após a fragmentação da sociologia em disciplinas particulares, é < grande o número das ciências sociais e a sua classificação apresenta dificuldades de monta. A distinção das ciências sociais não se fez de um ponto de vista lógico, mas de um ponto de vista empírico: consoante a formação originária dos investigadores (historiadores, filósofos, economistas, juristas, etc.), ou a natureza das técnicas utilizadas na pesquisa (demográficas, linguísticas, tecnológicas, históricas, etnológicas, etc.). Portanto, qualquer classificação racional das ciências sociais apresenta um carácter bastante artificial. Não obstante, tem interesse procurar estabelecer uma, para tornar patentes os liames e as conexões entre as diversas disciplinas.
De modo genérico, parece possível encarar dois tipos de classificação: um, vertical, de acordo com os diversos aspetos da vida social no interior de um mesmo grupo (demografia, economia, sociologia religiosa, ciência política, sociologia do direito, estética, etc.); outro, horizontal, segundo as diversas categorias de grupos sociais (etnografia, ou estudo das sociedades denominadas outrora primitivas ou selvagens; história, ou estudo das sociedades do passado; estudo dos grupos elementares e intermediários no interior de uma sociedade mais vasta, etc.). Em princípio muito claras, estas classificações são-no muito menos na prática: interferem muitas vezes (por exemplo, a sociologia urbana e a sociologia rural dependem a um tempo de um aspeto particular da vida social, a geografia humana, e do estudo de grupos intermediários: cidades e sociedades camponesas). Apesar de tudo, são úteis para clarificar as ideias. [Qualificaremos] de ciências sociais particulares aquelas que estudam este ou aquele aspeto particular dos grupos sociais e de ciências sociais globais aquelas que estudam o conjunto dos aspetos de um ou vários grupos, ligando-se a estas últimas a sociologia geral (que estuda todos os aspetos de todos os grupos).
[wiki base=”FR”]Maurice Duverger[/wiki], Méthodes des Sciences Sociales, pp. 38-39.