CJ1992
O mapa não representa necessariamente o espaço na Terra. Existem mapas extraterrestres, mapas do céu, da Lua ou de Marte, assim como existem atlas do corpo humano. Mapas do espaço, sim, mas espaços tão diferentes quanto reticulações estelares, expansões de galáxias, a superfície dos planetas em nosso sistema solar ou a organização de nossa anatomia, redes de fluxo vital, estratigrafias orgânicas e geometrias celulares.
O mapa ainda é mais frequentemente associado à representação do espaço terrestre: contornos costeiros, estuários, ilhas, o mar e a terra em contato próximo. Que assim seja. Mas os mapas de continentes imaginários, mapas fictícios de Atlântida à Ilha do Tesouro, não são menos mapas do que o Mapa da França? E o que dizer da Carte du Tendre, que de fato representa a topografia, mas metaforicamente? O mapa como metáfora tem um amplo campo de aplicação. No século XVII, “Savoir la carte” (conhecer o mapa) era usado proverbialmente para descrever alguém que “conhece perfeitamente as intrigas, os interesses da corte, as maneiras de uma sociedade, os segredos de uma família”. A menos que a expressão se refira a alguma qualidade de intuição psicológica que permita ler o coração dos outros.