KASTRUP, Bernardo. Science Ideated: The Fall of Matter and the Contours of the Next Mainstream Scientific Worldview. 1st ed ed. Lanham: John Hunt Publishing Limited, 2021.
Ao negar a existência da consciência, tais posturas revelam-se não apenas teoricamente incoerentes, mas sintomáticas de uma incapacidade fundamental de introspecção e autorreflexão por parte de seus propositores, os quais aparentam não possuir a competência cognitiva necessária para reconhecer a própria senciência bruta imediata.
A observação de indivíduos altamente inteligentes e educados, como cientistas da computação versados em artes e clássicos, que se declaram materialistas convictos e rejeitam outras metafísicas como misticismo, revela que o obstáculo epistemológico não reside na incompreensão das alternativas metafísicas, mas sim na profunda incompreensão do próprio materialismo que professam defender.
A aceitação acrítica de argumentos eliminativistas, como a noção de que o cérebro engana a si mesmo pensando ser consciente, demonstra uma falha lógica circular, visto que a própria existência de uma decepção pressupõe uma consciência que é enganada; tal aceitação denota que o termo consciência é tratado não como a experiência imediata, mas como uma abstração conceitual não examinada.
Ilustra-se este ponto com a reação de surpresa e incredulidade de adeptos do materialismo quando confrontados com a implicação estrita de sua doutrina, segundo a qual as qualidades da percepção, como cores, odores e a beleza de um jardim, seriam criações internas do crânio e não propriedades do mundo exterior.
Este fenômeno é exacerbado pela incapacidade generalizada de reconhecer a natureza da própria consciência através da introspecção, levando à confusão categorial entre a matéria teórica postulada pela física e as qualidades vivenciais da percepção, erro que torna o materialismo superficialmente plausível apenas porque é mal interpretado.
A desconstrução pública dessas narrativas torna-se, portanto, um imperativo moral, exigindo que se aponte vigorosamente a vacuidade e a nudez conceitual desses argumentos para impedir que o absurdo se consolide como verdade aceita, minando a base da empatia e da responsabilidade humana.