Jorland1981
[...] Mas o fato é que a definição circular da ciência, o paradoxo que protege seu segredo, é irredutível: a ciência é, estritamente falando, indefinível, porque é a condição de toda definição. Não é mais possível definir a ciência do que definir a verdade ou o Ser, ambos noções equipolentes. A ciência é a verdade, a ciência é o Ser em sua verdade: “A apreensão do Ser em sua essência, em sua estrutura e em suas relações (e é claro que não podemos entender o que ele é sem de fato operar tal apreensão), ou, o que é a mesma coisa, a revelação e a expressão do Ser por meio do discurso e na verdade, isso é o que para nós é ciência, razão, logos e os passos da alma que nos levam a essa apreensão, isso é o que chamamos de raciocínio.” A ciência é indefinível e não pode ser adquirida. Ela reside dentro de nós, na maioria das vezes não reconhecida, e o erro é seu sintoma. O erro não é um falso reconhecimento do Ser, mas um esquecimento de nós mesmos, um enterro da verdade sob os escombros das ideias recebidas. O erro é um fato, inevitável, mas de forma alguma necessário. Alexandre Koyré adotou essa teoria do erro para analisar o pensamento em sua história, substituindo o mito. Seu treinamento fenomenológico inicial lhe deu acesso ao método escolástico e ao platonismo.