Com a nossa questão «que é uma coisa?» não queremos saber, evidentemente, o que é um granito, um sílex, um calcário ou um grão de areia, mas o que é uma pedra enquanto coisa. Não queremos saber como se diferenciam e como são os musgos, os fetos, as ervas, os arbutos e as árvores, mas o que é a planta enquanto coisa — e o mesmo acontece com os animais. Também não queremos saber o que é um alicate, na sua diferença em relação ao martelo, nem o que é um relógio, na sua diferença em relação à chave, mas o que são estes instrumentos de uso e de trabalho, enquanto coisas. Sem dúvida, não é imediatamente claro o que isto quer dizer. Mas admitamos, por uma vez, que se pode perguntar deste modo; então exige-se, claramente, que nos detenhamos diante dos factos e da sua exacta observação, para podermos conceber o que são as coisas. Não se pode imaginar o que é uma coisa permanecendo sentado à secretária, ou prescrevendo discursos de carácter geral. Isso só pode ser decidido nos locais de trabalho das ciências de investigação e nas oficinas. Quando não nos encontramos nestes sítios estamos expostos ao riso da criada. Questionamos acerca das coisas e, ao fazer isso, passamos por cima do que nos é dado e das ocasiões que, de acordo com a opinião geral, nos proporcionam informações adequadas acerca de todas estas coisas.