Novum Organum, I, 1-4
O homem, ministro e intérprete da natureza, só faz e entende na medida em que observou, pela experiência ou pela reflexão, a ordem da natureza; nada mais sabe ou pode além disso.
Nem a mão nua nem o entendimento abandonado a si mesmo podem muito; a coisa aperfeiçoa-se com instrumentos e auxílios, que não são menos necessários para o entendimento que para a mão. E assim como os instrumentos da mão excitam ou regem seu movimento, os instrumentos da mente impulsionam o entendimento ou fazem-no cauteloso.
A ciência e a potência humana coincidem no mesmo, porque a ignorância da causa priva do efeito. Pois só se vence a natureza obede-cendo-a; e no que na contemplação corresponde à causa, na operação correspondente à regra.
Para obrar, não pode o homem fazer outra coisa que acercar-se dos corpos naturais e separá-los; o demais, o faz a natureza no interior.