No primeiro livro da Metafísica Aristóteles esboça uma graduação das dimensões em que se articulam as possibilidades da sabedoria. Num primeiro grau a percepção sensível, “aisthesis”, se estende a todos os seres vivos. Localizada no espaço e situada no tempo a sensibilidade percebe apenas o que lhe é dado “hic et nunc”. Alguns seres vivos, porém, os animais, retém o conteúdo de suas percepções, integrando-os na síntese da memória, “mneme”, e nesse sentido já sabem mais, são mais sábios do que os vegetais. Os homens, além de sensibilidade e memória, dispõem ainda de experiência, “empeiria”, e pela experiência se lhes torna familiar uma prática no trato com as coisas, o que os gregos chamavam “techne” e que melhor do que “técnica” traduz a palavra portuguesa “perícia”. Da “techne” procede num plano superior a reflexão sobre os princípios constitutivos da existência, a “episteme”, cuja tradução por ciência é no mínimo desviante. Por fim coroando, como chave, toda a abóbada da sabedoria, a suprema forma de saber, o esforço pela “sophia”, a filosofia.