Existem dois tipos de raciocínio lógico, o indutivo e o dedutivo. As inferências indutivas começam com o exame da máquina e permitem chegar a conclusões gerais. Por exemplo, se a motocicleta falha ao passar sobre alguma saliência, depois passa por cima de outra saliência e falha, depois falha de novo ao passar por uma terceira saliência, correndo normalmente num longo trecho liso e reto de estrada, e depois falha ao passar sobre uma quarta saliência, chega-se à conclusão lógica de que a falha é causada pelas irregularidades da estrada. É o raciocínio indutivo: o raciocínio a partir das experiências particulares, visando às verdades gerais.

Com as inferências dedutivas, o processo é inverso. Começamos com o conhecimento geral e prevemos uma observação específica. Por exemplo, se consultando a hierarquia dos elementos da máquina o mecânico sabe que a buzina é alimentada exclusivamente pela eletricidade fornecida pela bateria, ele poderá logicamente deduzir que, se a bateria se esgotar, a buzina não funcionará. É o raciocínio dedutivo.

Problemas complicados demais para serem resolvidos pelo senso comum são solucionados através de longas séries de inferências indutivas e dedutivas que vão e vêm, seguindo trajetórias complexas entre a máquina observada e a hierarquia mental da máquina encontrada nos manuais. A formalização do programa adequado para esta trama de inferências é o método científico.

Robert M. Pirsig