O termo “informática”, em sua etimologia, designa uma técnica, no caso, uma “técnica da informação”, ou como se costuma chamar, dada a incorreta assimilação de técnica e tecnologia, uma “tecnologia da informação”.

Com o uso e a aplicação crescente desta tecnologia em todos os campos de atividade humana, o termo "informática" passou a significar muito mais que a tecnologia da informação, mas a combinação desta com as tecnologias de comunicação, formando a chamada "tecnologia da informação e da comunicação" (TIC).

Mais ainda, o termo veio a servir de referência ao conjunto destas tecnologias aplicados em um local, seja domiciliar ou institucional, ou até mesmo em uma região geográfica ou um setor de atividade. Hoje em dia se fala até da informática mundial, ou da informática brasileira, incluindo neste caso a produção destas tecnologias.

Enquanto, tecnologia da informação e da comunicação (TIC), que é o que nos interessa aqui, e como hoje em dia ela se apresenta, pode-se afirmar que a informática se assemelha a um "engenho de representação e comunicação" (veja Da Essência da Informática). A informática mimetiza em todos seus aspectos, enquanto TIC, um "engenho de representação e comunicação".


O Espelho Autômato

(Esquema-resumo construído a partir do índice do livro de Gérard Chazal, Le miroir automate. Introduction à une philosophie de l'informatique).

  • O campo de uma investigação filosófica
    • O fenômeno informático
      • Informática nascida no final da II Grande Guerra.
      • Confluência de tradições científicas e técnicas:
        • Tentativas de mecanização do cálculo aritmético.
          • Máquinas de Schikard, Pascal e Leibniz (XVIII).
          • Máquinas de Bollée (1895), de Monroe (1912).
          • Fundação em 1896 por Hollerith da Tabulating Machine Company (futura IBM).
        • Invenção e desenvolvimento de memórias artificiais (cartões perfurados).
          • Tecelagem de Jacquard.
          • Máquina de Babbage.
        • Desenvolvimento de teorias formais, matemáticas e lógicas.
          • Turing.
          • Church.
          • Skolem.
      • Von Neumann dirige o desenvolvimento do ENIAC.
    • Informática e inteligência artificial
      • Termo "inteligência artificial".
      • Discurso dos informáticos.
      • Objeto de estudo: a informática, através da proposta da inteligência artificial.
    • O artifício e o artificial: por uma antropologia pelo artifício
      • O que é o artificial?
      • Simulação informática.
      • Uma ciência e uma técnica do artifício podem escapar à tentação normativa?
    • O signo e a questão da "confiança semântica"
      • A informática é uma linguagem.
        • Esta linguagem "está se apropriando" do mundo.
        • E participando de sua transformação.
      • Problemas filosóficos da linguagem são problemas centrais da reflexão sobre a informática.
      • O postulado da informática é o de Hilary Putnam: "confiança semântica".
      • Informática é o espelho de nosso espírito no tocante à natureza lingual de toda representação de conhecimentos na máquina.
    • Pode-se reduzir a informática a um método?
      • A informática teria caracteres metafísicos, ontológicos, epistemológicos?
      • A informática enquanto puro método?
    • O abandono do reducionismo para um retorno a Aristóteles
      • O desafio filosófico da informática vai além da explicitação de um método.
      • A informática e a intencionalidade.
      • Como o computador desempenha o papel de espelho do espírito?
      • Exame cuidadoso das condições formais no quadro das quais se coloca a questão filosófica da informática.
      • Ameaça do privilégio humano por seu reflexo na informática, enquanto espelho do espírito?
      • Em que medida técnicas e teorias podem nos ajudar a reconstruir os conceitos de pensamento, intuição, inteligência, a respeito do homem?
      • Filosofia da informática pode contribuir a uma antropologia.
      • A palavra, a escritura, a impressão, a informática nos oferecem imagens do pensamento constituído.
  • A técnica e o espelho
    • Descartes e o Tratado do Homem.
    • A herança de Descartes.
    • Os perigos do espelho.
    • A ambição da inteligência artificial.
  • O sentido e o símbolo
    • Os problemas ligados à noção de símbolo.
    • Crítica do dualismo do sentido e da forma.
    • A conquista do sentido.
    • Convenções sob impedimentos.
    • O poder da linguagem binária: leitura informática de Leibniz.
    • A máquina formal: o "quarto chinês".
  • A questão lógica
    • J. R. Lucas e o teorema de Gödel.
    • J. Searle e as limitações dos formalismos.
    • A forma e o conteúdo: crítica do formalismo kantiano.
    • A questão do verdadeiro.
  • Os problemas da negação ao poder de negar e à noção de sujeito
    • A negação, o verdadeiro e o falso.
    • Outras dificuldades ligadas à negação.
    • O poder de negar.
    • Em direção à noção de sujeito.
  • O corpo e o espírito
    • O digital e o analógico.
    • As relações do todo a suas partes.
  • A simulação do espírito: a representação das crenças
    • O programa neurótico.
    • O funcionamento do "programa neurótico".
    • Os limites do "programa neurótico".
    • A "máquina ideológica".
  • Dissolução das formas e morfogênese: o poder de perceber
    • A compreensão artificial da imagem.
  • O neuromimetismo: em direção a outra informática
    • Funcionamento das redes e convergências com as ciências físicas.
    • O cérebro artificial.
    • Uma outra informática.
  • Das interfaces aos horizontes
    • Dos sistemas abertos às interfaces.
    • A intuição do infinito: a noção de horizonte.
    • O horizonte da história.
  • Para concluir
    • Para uma filosofia da analogia.
    • Requestionando alguns dualismos tradicionais.