DE CASTRO – REPRESENTAÇÃO E SIG
Passemos agora da desconstrução à reconstrução do SIG, reestabelecendo sua totalidade, segundo a perspectiva de seu núcleo tecnológico, o sig, operando enquanto um “engenho representador” de fenômenos geográficos. Até aqui, dissecamos o sig e investigamos sua genealogia, segundo determinadas Ideias Mentoras. Entretanto, para avançarmos em sua compreensão, é preciso retomar sua reconstrução, tendo como perspectiva sua forma predominante, a de um “engenho representador”. De acordo com esta nova visão integradora, propomos agora nos questionar sobre sua capacidade de representação da realidade geográfica.
Poderíamos percorrer este caminho de reconstrução do SIG, segundo a perspectiva do engenho representador, de duas maneiras diferentes. A primeira, e a mais comumente encontrada na literatura técnica sobre cartografia e SIG, desenvolve uma série de considerações sobre o mapa como meio de comunicação, e portanto sobre as técnicas mais eficazes para sua construção [BRUNET, Roger. “La Composition des Modèles dans l’Analyse Spatiale”, L’Espace Géographique 4 (253-265), 1980.].
A segunda maneira, que optamos, reúne o que encontramos até o momento de reflexão sobre a problemática da representação da realidade, e, em particular, de representação de fenômenos geográficos. Preferimos assim percorrer um caminho de aprofundamento mais filosófico do que uma investigação das técnicas de representação já tratadas de forma exaustiva pela literatura exemplificada no parágrafo anterior.
Com efeito, diante do sig, visto segundo essa perspectiva de um “engenho representador” da realidade geográfica, optamos justamente por problematizar a representação em si mesmo. Entendemos que só assim podemos efetivamente contribuir para uma reflexão maior do que é o SIG?, evitando assim nos associarmos ao crescente côro dos que discorrem sobre as técnicas de representação cartográfica através do sig.
Transformação metafórica de representações
Níveis de Mensuração de um Fenômeno
A informação geográfica apresenta-se como um valor que qualifica um atributo, segundo níveis de mensuração.
- Mensuração
- Impõe uma lógica humana externa, uma abstração mental, sobre o mundo.
- Teoria da mensuração: representacionalismo
- Filosofia de mensuração que define a mensuração como a conexão de números com entidades que não são números.
- Os números não são vistos como inerentes, mas como uma representação de um aspecto definido da realidade.
- Esta filosofia opõe-se à teoria clássica, onde a mensuração é uma expressão numérica de uma quantidade em relação a outra; quantidades vistas como inerentes.
- Teoria de Stevens
- Supera a problemática de mensuração exclusivamente em termos de medidas extensivas, permitindo a mensuração de propriedades menos físicas.
- Níveis de mensuração:
- Adota a filosofia representacionalista, definindo mensuração como a "designação de números a objetos de acordo com uma regra".
- Um nível de mensuração é um agrupamento de escalas de medida baseadas na invariância de certas propriedades.
- As escalas de mensuração em um nível comum de mensuração podem ser transformadas em outra escala no mesmo nível sem reduzir o conteúdo de informação.
- Níveis de mensuração organizados segundo o princípio da invariância sob transformações:
- Segundo o princípio da invariância as propriedades permanecem imutáveis apesar das transformações dos números usados para representar uma mensuração.
- Invariância implica que uma escala retém seu conteúdo de informação através de um certo grupo de transformações possíveis.
- Invariância é um conceito importado da matemática e da física.
- Tipos de níveis definidos por Stevens:
- Nominal:
- Escala nominal, na qual os objetos são classificados em grupos.
- Símbolos podem ser usados, desde que a natureza distinta de cada grupo seja mantida.
- Uma medida nominal é baseada em teoria de conjuntos.
- Ordinal:
- Introduz o conceito de ordem.
- Escala ordinal se apresenta quando os objetos podem ser classificados de algum modo usando comparação um com outro.
- Intervalo:
- Números oferecem sentido algébrico movendo-se para o domínio quantitativo e se tornando uma escala de intervalo.
- Uma escala de intervalo localiza um objeto em uma linha numerada com um ponto arbitrário zero e um intervalo arbitrário.
- Razão:
- Diferença entre medidas de intervalo se torna uma medida de razão.
- Medidas de razão têm uma origem verdadeira (valor zero) e um intervalo arbitrário.
- Permite operações aritméticas.
- Tornou-se uma referência para as ciências sociais e para o SIG (requer revisão e extensão para ser melhor utilizada por este).
- Níveis usuais * Nominal
- Conteúdo informativo: identificação.
- Operações permitidas: igualdade; desigualdade (algumas operações lógicas).
- Descritores estatísticos: moda e amplitude.
- Valores descontínuos (discretos).
- Conteúdo informativo: identificação e hierarquia.
- Operações permitidas: igualdade, desigualdade, $>$, $<$ (operações lógicas).
- Descritores estatísticos: mediana e quantis.
- Valores descontínuos, discretos.
- Combinação dos níveis intervalo e razão de Stevens.
- Conteúdo informativo: identificação, ordenamento, significação dos intervalos entre valores.
- Operações permitidas: igualdade, desigualdade, $<$, $>$, adição, subtração, multiplicação, divisão (operações lógicas, aritméticas e matemáticas).
- Descritores estatísticos: mediana e desvio-padrão.
- Valores contínuos.
- Proposta Chrisman
Informação Geográfica Digital
Síntese das três formas tradicionais (texto, mapa, imagem).
- Modo vetor * A geometria da imagem cartográfica é descrita por pontos que compõem o contorno de cada objeto. Estes pontos são unidos por segmentos de reta orientados, ou alguma linha definida matematicamente, no caso de objetos do tipo linha ou zona.
- Modo raster A geometria da imagem cartográfica é descrita por uma superfície de pixels*, capaz de ser representada como uma matriz de células, compondo o contorno de cada objeto ou fenômeno espacial.
- Cada pixel é de formato único (triângulo, quadrado, hexágono, etc.) e mesma dimensão, e armazena um valor que se caracteriza como um atributo do objeto ou fenômeno espacial.
- Modo fractal
