Geografia

Conclusão sobre a natureza do SIG

Ao se encerrar este discurso, esta breve travessia pelo “labirinto” que guarda o mistério da natureza do Sistema de Informação Geográfico, a sensação que se tem é que não se chegou a uma conclusão. Fica-se, na verdade, com um misto de alegria e frustração. Alegria pelo exercício da reflexão e pelos vislumbres que foram obtidos ao longo do percurso, e frustração por não se ter efetivamente alcançado ou desvendado “o que é” do SIG, no “centro” deste labirinto. Mas, como diz o poeta: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”...   

Sistema de Informação “Geográfico” como qualificador do “Sistema”...

É preciso reconhecer que um "sistema" não deveria ser qualificado posto que se refere a uma "totalidade" enfatizando a afinidade e dependência do que quer que seja nesta totalidade. No entanto, o "Sistema de Informação" pode e deve ser qualificado pois representa tão somente uma janela que oferece uma visão sobre uma aparente parcela do "sistema" ou da "totalidade".

Sistem-geografico

Finalmente, «geográfico» pelo método...

Concluindo, a afinidade com o método geográfico, visto sob o ângulo de sua intensa associação com o mapa, pode ser uma das razões que explique o qualificador “geográfico”, dado especialmente o caráter propositalmente mimético adotado pela insinuante informatização, em seus estágios de conquista. Entretanto, ficam em aberto muitas questões para serem melhor aprofundadas, tais como:

Brunet e seus «chorèmes»

Nesta direção parece se situar o trabalho do geógrafo Roger Brunet (1980, 1990), e do grupo GIP-Reclus, ao propor toda uma nova linguagem para mapear a organização espacial da Sociedade. Segundo Brunet, o que denominou de “chorèmes” seriam o novo “alfabeto do espaço”, único capaz de fazer face a atual organização do espaço, enquanto obra humana.

O mapa digital

O SI qualificado como “geográfico”, se oferece como o gerador por excelência da “carta digital”, um produto paradoxalmente distinto e, ao mesmo tempo, “mimético” do mapa geográfico clássico. Esta “carta digital” conjugada com todo o artifício disponibilizado pela TI moderna, fascina e cativa especialmente por sua imensa “elasticidade”, sua “regenerabilidade” quase instantânea, sob novas e múltiplas aparências, e sua “conformidade” imediata aos desígnios e à retórica de seu criador.

Christian Jacob e a arte do mapa

  1. O historiador Christian Jacob (1992)JACOB, C. L’Empire des Cartes. Paris: Albin Michel, 1992., promove uma reflexão sobre o entrelaçamento entre mapa e texto, tão presente literal e iconograficamente nos mapas da Renascença, e discorre sobre sua desunião posterior,  fruto de um processo de normalização progressiva, que levou mapa e texto, a se constituírem como objetos totalmente distintos um do outro. Entretanto, a autonomia da carta em relação ao livro não rompeu com sua pertença à um universo de saber essencialmente discursivo.