O que pode ser mostrado, não pode ser dito. Ludwig Wittgenstein
Ao se tentar “re-velar” a natureza do SIG, construímos nossa argumentação fenomenológica e ontológica, tomando por base a “imagem-modelo da alavanca”. Nesta figura, que se poderia considerar mesmo um ideograma do trabalho humano, seja intelectual ou não, se pode identificar quatro entidades ao redor da alavanca (tecnologia sig); entidades de cuja coalescência emerge o Sistema de Informação Geográfico:
- a pessoa, como o ser humano que deve resolver um problema através da execução de uma tarefa em uma organização, e, para tal, se apropria de uma instrumento, uma tecnologia, para sua consecução;
- a pedra a ser movida, como o aspecto imediato de um problema qualquer, a ser solucionado, geralmente traduzido, segundo alguma metodologia, como tarefa(s) a ser(em) realizada(s) por uma ou mais pessoas, em uma organização; cada pessoa, por sua vez, fazendo uso de uma tecnologia; no caso do SIG, a tecnologia1, mais do que um instrumento qualquer, desempenha também o papel de intermediário, de mediador, ao representar para a pessoa, através de seus recursos próprios, o problema a ser analisado;
- o solo, onde se assentam e, portanto, podem operar todas as entidades (simbolizadas por pessoa, alavanca-tecnologia e pedra), simboliza a organização, ou seja, a instituição que dá significado (finalidade, razão de ser), além de garantias e sustentação, para a justa operação destas entidades;
- o quadro do modelo, como uma verdadeira “moldura” (framework), representa o ambiente ou contexto social, político, cultural e econômico, ou, mais concretamente, o meio técnico-científico-informacional, de onde emergem as demais entidades, que ganham deste mesmo “enquadramento”, constituição, instituição e sentido; de fato, um “Sistema de Informação” é uma construção social, que em sua concepção, implementação e manutenção reflete opções (ou imposições) da organização onde se instala, e especialmente do meio social, político, econômico e cultural, onde se insere.
Este modelo figurativo incorpora na simplicidade de sua imagem, o arquétipo de uma fecunda série de metáforas que aduzem outras tantas ideias, tão necessárias para uma compreensão maior da natureza de um Sistema de Informação Geográfico. Para a sua devida sondagem, recomenda-se, como no ditado Zen, que ele seja encarado como um “dedo que aponta”, um artifício que não merece uma maior atenção e polêmica sobre sua forma em si, e sim, sobre a direção e o alvo que indica.
Modelo, unidade em sua totalidade…
Componentes do Modelo Figurativo do SIG
Calibrando o Modelo Figurativo
Gênese da Ideia Expressa pelo Modelo Figurativo
O hardware e o software que compõem os produtos comercializados como SIGs; segundo Séris (1994), o termo “tecnologia” se refere ultimamente a ferramentas ou instrumentos, e não mais a um discurso sobre a técnica, como outrora. ↩