De dignitate et augmentis scientiarum, lib. II, cap. I

A melhor divisão da ciência humana é a que se deriva das três faculdades da alma racional, que é a sede da ciência. A história refere-se à memória; a poesia, à imaginação, e a filosofia, à razão. (…)

Que as coisas são assim, pode-se ver facilmente observando a origem do processo intelectual. Os sentidos, que são a porta do entendimento, só são afetados pelos indivíduos. As imagens desses indivíduos — isto é, as impressões que fazem nos sentidos — fixam-se na memória e nela se alojam, inteiras e tais como chegam. A seguir a mente humana passa a revisá-las e ruminá-las; e, por último, ou simplesmente as repete, ou faz delas imitações caprichosas, ou as analisa e classifica. Portanto, destas três fontes: memória, imaginação e razão, fluem estas três emanações: história, poesia e filosofia; e não pode haver outras, pois considero que a história e a experiência são a mesma coisa, do mesmo modo que a filosofia e as ciências.

Bibliografia

Francis Bacon