O segundo artigo foi Um cálculo das ideias imanente à atividade nervosa, do neuropsiquiatra Warren McCulloch e do matemático Walter Pitts. No qual se identifica o sistema nervoso a uma máquina lógica e se demonstra que uma rede de neurônios formais (simplificados) possui o mesmo poder de cálculo que uma “máquina universal”. Sua ambição filosófica é, portanto, considerável, já que orienta a busca de uma base neurológica para a razão e a memória humanas, fundamentando uma “neurologia da mente”. Acredita-se que estão aí fixados os primeiros critérios que doravante irão determinar o estudo do processo cognitivo.

Esse artigo de McCulloch e Pitts radicaliza o procedimento de Wiener e de seus colaboradores em dois planos. Enquanto estes últimos tratam a mente como uma caixa-preta da qual interessa a funcionalidade, McCulloch parte em busca dos mecanismos que encarnam a mente.

Sem dúvida, o “conteúdo” daquilo mesmo que é capaz de comportamento é agora considerado pertencendo à esfera de um procedimento científico, mas esse conteúdo se descreve a si próprio em termos de comportamentos de unidades menores, no “interior” das quais não se pode pensar em penetrar e que só são consideradas em suas relações com seu ambiente, ou seja, como operadores que transformam inputs em outputs: os neurônios. Portanto, não se deve falar de oposição, mas sim de radicalização, pois a abordagem comportamental e comunicacional é transposta para um nível lógico inferior. (Dupuy, 1995, pág. 53)

“Quanto mais aprendemos sobre os organismos, mais somos levados a concluir que eles não são simplesmente análogos às máquinas, mas são máquinas”. Por esta citação de McCulloch pode-se sentir uma radicalização da proposta cibernética enunciada por Wiener. Uma radicalização que soou forte no impulso da cibernética enquanto princípio filosófico da “Era da Informação”.

Referências:

DUPUY, J.-P. Nas Origens das Ciências Cognitivas. São Paulo: UNESP, 1995.

Tese de Doutorado em Filosofia (UFRJ, 2005)

DE CASTRO, M. C. O que é informática e sua essência. Pensando a “questão da informática” com M. Heidegger. UFRJ-IFCS, , 2005. Disponível em: <https://www.academia.edu/43690212/O_que_%C3%A9_inform%C3%A1tica_e_sua_ess%C3%AAncia_Pensando_a_quest%C3%A3o_da_inform%C3%A1tica_com_M_Heidegger>

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