J. Habermas, A técnica e a ciência como “ideologia”
A relação de dependência entre o especialista e o político parece ter-se invertido: o político passa a ser o órgão de execução de uma intelligentsia científica que destaca, em função das condições concretas, as restrições objetivas que emanam dos recursos e técnicas disponíveis assim como das estratégias e programas cibernéticos ideais. Se a decisão tocante às questões da prática concebida como opção em situações de incerteza pode ser racionalizada a ponto de a “simetria de perplexidade” (Rittel) e, com ela, a problemática da decisão em si acabarem sendo cada vez mais suprimidas dela, a política não conserva mais então no Estado técnico senão uma atividade de decisão inteiramente fictícia. Seria no máximo como que o tapa-buraco de uma racionalização ainda imperfeita do domínio, havendo a iniciativa passado, de qualquer modo, para o lado da análise científica e do planejamento técnico. O Estado parece a partir de então condenado a sacrificar a própria substância de domínio para a instauração eficaz de técnicas disponíveis no quadro de estratégias objetivamente necessárias; parece que este não é mais um aparelho que se faz valer pela força dos interesses essencialmente privados de fundamento e que só são defendidos de maneira decisionista, ele parece se tornar o órgão de uma administração racional de parte a parte.
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HABERMAS, J. Técnica e Ciência como “Ideologia”. Lisboa: Edicoes 70, 1993.