O autocrescimento envolve também dois fenômenos. A técnica chegou atualmente a tal grau de desenvolvimento que se transforma e progride quase sem intervenção decisiva do homem. Poderíamos dizer, aliás, que todos os homens de nosso [88] tempo estão de tal modo apaixonados pela técnica, tão certos de sua superioridade, tão mergulhados no meio técnico, que estão todos, sem exceção, orientados na direção do progresso técnico, que trabalham todos nesse sentido, que, não importa em que profissão, cada um procura o aperfeiçoamento técnico a introduzir, tanto que a técnica progride, na realidade, em consequência desse esforço comum. As duas coisas se equivalem. Vincent analisa com sutileza a multidão dos fatores que interferem em proporção minúscula no progresso técnico: o consumidor, a acumulação do capital, os centros de estudos e os laboratórios, a organização da produção, que age “de certo modo mecanicamente”… e o progresso técnico parece ser então a “resultante” de todos esses fatores.
É verdade que a técnica progride por minúsculos aperfeiçoamentos que se adicionam indefinidamente até formar uma multidão de condições novas que permitem um passo decisivo. Mas também é verdade, por outro lado, que a parte de invenção do homem é extremamente reduzida; não é mais o homem de gênio que descobre alguma coisa; não é mais a visão fulgurante de Newton que é decisiva, mas precisamente essa adição anônima das condições do salto para a frente. Quando todas as condições se reúnem, a intervenção mínima de um homem produz o progresso importante. Quase se poderia dizer que, neste estágio de evolução do problema técnico, qualquer um, dedicando-se a esse problema, encontraria a solução.