Assim sendo a tese capital do cognitivismo, que provém diretamente do pensamento cibernético, é que a vida da mente, do cérebro, e do pensamento, nada mais é que um cálculo lógico, ou, para qualquer fim que seja, pode-se representar como tal. Um ato ou um fato humanos e o comportamento humano que os acompanham, podem ser representados por uma matematização massiva.

Esta tese, na fundamentação do cognitivismo1), nunca é posta em discussão Admite-se apenas especulações sobre como interpretar e aplicar esta tese ao nível operacional, ou seja, ao nível dos algoritmos e estruturas tecnológicas que a concretizam. A tese é sempre confirmada por sua funcionalidade, e por anos de ciência moderna que sempre admitiu a possibilidade de superpor redes matemáticas sobre eventos do mundo físico, representando-os de modo inquestionável (vide Lei, algoritmo e simulação).

A representação do “com-posto informacional-comunicacional” de razão e de memória humanas relativos a um ato ou um fato, sob a forma de algoritmos operando sobre dados simbólicos, é um modelo informacional-comunicacional. Na perspectiva da física matemática o modelo guarda certa analogia e pontos de referência com a realidade física estudada, enquanto no cognitivismo efetua-se um salto, por operações sucessivas de abstração. Embora válida a abstração em qualquer modelagem, neste caso o desígnio pragmático da abordagem cognitivista, permite falar de uma radicalização da modelagem, na medida em que o modelo é ao mesmo tempo absolutamente abstrato e interessado apenas na capacidade operativa e produtiva do que representa.

Tese de Doutorado em Filosofia (UFRJ, 2005)

DE CASTRO, M. C. O que é informática e sua essência. Pensando a “questão da informática” com M. Heidegger. UFRJ-IFCS, , 2005. Disponível em: <https://www.academia.edu/43690212/O_que_%C3%A9_inform%C3%A1tica_e_sua_ess%C3%AAncia_Pensando_a_quest%C3%A3o_da_inform%C3%A1tica_com_M_Heidegger>


  1. A intuição central do cognitivismo é que a inteligência – compreendida a humana – se assemelha de tal modo à computação em suas características essenciais que a cognição pode de fato se definir por computações sobre representações simbólicas. (Varela, Thompson & Rosch, 1993, pág. 73 

Essência da Informática