Toda memória requer um suporte, uma mídia, e desde o passado mais remoto o homem buscou a forma ideal desta mídia, apesar da injunção de “esquecimento e perda de memória” que em Platão paira como uma ameaça à adoção de diferentes mídias, como suplementos da memória.
Desde o uso da voz e de gestos, como mídias baseadas na intimidade do próprio corpo, mas capazes de registrar e transmitir a memória individual ou comunal, até a mais completa externalização desta memória através da arte e da escrita, manifesta-se a necessidade de memorização e transmissão, ou em um único termo, a necessidade de “tradição”.
As mídias foram variadas segundo o “fazimento poético” até se alcançar a mídia padrão dis-posta no registro digital, onde voz, ou imagem, ou escrita são configuradas segundo uma única língua técnica. Na língua franca da informática o suplemento de memória é um traço já materializado e não apenas uma entidade formal. A lógica do suplemento é “tecno-lógica”.
Todo suplemento é técnica, é prótese, no sentido de “posto-lá-diante”, de “pro-posição”, onde a técnica é o que nos é pro-posto, segundo um saber originário, uma mathesis que “nos pro-põe as coisas”. E toda técnica suplementar é um suporte de memória exteriorizando um programa, um hábito. Mas todo suplemento técnico não é por sua vez uma técnica de memorização.