Heidegger (GA5) – Quanto a palavra imagem…

HEIDEGGER, Martin. Chemins qui ne mènent nulle part. Trad. Wolfgang Brokmeier. Paris: Gallimard, 1949/1962, pág. 117

Quanto a palavra imagem, devemos pensar na reprodução de alguma coisa. Um Weltbild seria portanto como um quadro do ente em sua totalidade. No entanto, Weltbild diz mais. Pois assim entendemos o Mundo (Welt) ele mesmo, o ente em sua totalidade, assim como nos impõem suas diversas ordens de medidas. Imagem (Bild) designa, por conseguinte, não um simples decalque, mas o que se faz entender na forma alemã: Wir sind über etwas im Bilde (literalmente: “somos quanto a qualquer coisa, na imagem”, ou seja, “somos ou estamos no fato desta coisa”). (…) Fazer a ideia de alguma coisa de maneira a ser fixada, é portanto pôr o ente ele mesmo diante de si para ver de que se trata, e tendo assim o fixado, o manter constantemente nesta representação. (…) Lá onde o Mundo se torna imagem concebida (Bild), a totalidade do ente é compreendida e fixada como aquilo sobre o qual o homem pode se orientar, como aquilo que ele quer por conseguinte levar e ter diante de si, aspirando assim a pará-lo, em um sentido decisivo, em uma representação. Weltbild, o mundo na medida de uma “concepção”, não significa portanto uma ideia do mundo, mas o mundo ele-mesmo apreendido como aquilo que se pode “ter-ideia”. O ente em sua totalidade é portanto tomado agora de tal maneira que ele é só e verdadeiramente ente na medida em que é parado e fixado pelo homem na representação e na produção. (…) O ser do ente é agora buscado e descoberto no ser-representado do ente.