Heidegger (GA61:25-27) – Definição

É importante logo no começo da consideração conquistarmos o sentido originário de definição, do qual a usual ideia de definição não passa de um certo derivativo. Definitio: decisio, determinatio alicuius dicitur, quod tenendum e credendum declaratur, manifestatur et indicatur. A apreensão específica da definição! A definição completa não é meramente seu conteúdo, a frase!

Em seu âmbito de validade, a ideia usual de definição tem seu elemento específico no fato de que, na perspectiva da propensão de apreensão, central em tais âmbitos, ela determina própria e seguramente o objeto; que se podem acrescentar até outros casos ilustrativos mais, mas que de princípio em nada mais contribuem.

Mas esse momento não pertence a toda definição; sim, existem precisamente aquelas definições que dão o objeto de forma indeterminada, e quiçá de tal forma justamente a realização compreensiva dessa definição toda própria leva [26] à possibilidade correta de determinação. São definições, as únicas que podem introduzir a determinação adequada plena; mas, na medida em que devem fornecer o primeiro impulso – se nos é permitido empregar uma imagem intempestiva –, direção, força de equipe e munição devem ser preparadas de modo correspondente, e o posicionamento do objeto deve ser anunciado de modo correspondente.


… a cada objeto corresponde um determinado modo de acesso, de ater-se nele e de perdê-lo. [Esses últimos, em geral, não são vistos, e muito menos são impostados de modo adequado na problemática. Todavia são precisamente esses nos quais “usualmente” nos movemos, são eles que perfazem o “costume”. Eles devem ganhar um significado principial na problemática a ser desdobrada (faticidade).] Nesses respectivos modos, que devem ser assinalados formalmente como os modos do ter (o perder é um certo como do ter), a cada vez de acordo com o caráter do modo do ter ou do ser-o-que-como do objeto (do “ser”), certos modos de apreensão e determinação cognitivas, os modos da clarificação específica de cada experiência, também desempenham um papel imanente.

Esses modos não são algo acrescentado ou colado, algo que acidental; ao contrário, o modo de ter a cada vez o objeto como ele próprio é uma interpelação do objeto.

Em todo e qualquer ter como tal, de certo modo, “está em questão o objeto (Gegenstand)”. O autêntico ter (Haben) [27] respectivo pode exigir nele mesmo uma fala expressa: pode deparar-se com a tarefa de, no como do ter, trazer expressamente “o discurso”, conduzir o discurso ao o-quê do objeto; essa tarefa é tal que ela própria surge a cada vez a partir de e numa situação do ter de objetos, numa situação de experiência fática do Dasein. (Formulado de forma existenciariamente radical: Origem da pesquisa fenomenológica das categorias!) Essa tarefa de assim interpelar o objeto e de forma determinada trazê-lo-ao-ter, na abordagem e discussão, é a tarefa da definição: Propósito (Vorhabe).

O sentido formal de definição, portanto, é: determinar o objeto em seu ser-o-que-como; determinar adequado à situação e à apreensão prévia, que lança mão tomando da experiência fundamental a ser conquistada, interpelando o objeto. (Aqui, não temos tempo para finezas literárias da linguagem nem para desenvolver “belas” fórmulas. Na própria determinação já foram assumidas “expressões”, que posteriormente deverão ser esclarecidas.)

Apresentou-se primariamente uma ideia de definição. Ela brota da interpretação fenomenologicamente radical do conhecer e, dependendo dos diversos nexos de conhecimento e de experiência, apresenta um sentido diverso. No modo que é colocada na formulação, a definição diz de princípio mais do que a definição debatida pela lógica que é apenas formalista.