Heidegger (GA89-2018) – O limite interno da ciência.

Aquilo que delimita sua essência e assim a constitui, não estando mais precisamente acessível ao procedimento da ciência, impõe para ela um limite (um pare!).

Limite: por um lado a determinação essencial da ciência, por outro, uma restrição.

Assim, a ciência mesma não tem como “ver” seu limite enquanto tal, para não falar de pensar integralmente esse limite.

Há ainda, além disto, um “limite” no sentido de que a ciência precisaria interromper sua investigação em lugares determinados, ainda que ela pudesse prosseguir?

A partir de onde este limite é traçado?

Como é que o traçado desse limite pode se fazer valer? A partir de onde se pode requerer a interrupção da pesquisa?

Estas questões acerca do limite só têm como ser discutidas, caso se experimente, se pense de maneira integral e se assuma inteiramente como pensado de maneira expressa o traço fundamental da ciência moderna, de tal modo que ele determine a postura fundamental da pesquisa e do ensino.

O traço fundamental da ciência moderna é o primado do método. Esse primado domina a ciência. O reconhecimento de Nietzsche; cf. A vontade de poder, n. 466-469, Obra póstuma, vol. XIV, 413, n. 292).

“Não a vitória da ciência é o que distingue nosso século XIX, mas a vitória do método científico sobre a ciência”. N. 466 [[[Nietzsche. A vontade de poder. Terceiro e quarto livros. Obras. Vol. xvi. op. cit., p. 3].]].

“As intelecções mais valiosas são aquelas que são mais tardiamente descobertas: mas as intelecções mais valiosas são os métodos”. N. 469.

Como precisamos interpretar o primado do método? Ele torna-se necessário, quando a presentidade é determinada como a objetualidade da re-presentação, quando a verdade passa a significar certeza e segurança, isto é, calculabilidade da objetualização. A re-presentação torna-se um colocar-se em uma produção. Essa produção é determinada por um posicionar (desafiar), que, por sua vez, é posicionado (“usado”) no envio destinamental pela presentidade como com-posição. O requisitar posicionado [185] aduz o disponível — esse disponível é algo diverso do que se encontra contraposto (objeto).

O posicionar e a interpretação matemática; a equação.

Em que medida se esconde na possibilidade irrestrita de requisição um limite no sentido de uma possibilidade extrema?

Ao mesmo tempo, porém, na com-posição enquanto envio destinamental há a possibilidade da retomada do envio para o acontecimento apropriador, que ele mesmo se libera enquanto um tal, que ele mesmo promove.