A análise sócio-espacial é domínio de problemas/tarefas onde se tem a pretensão de, por meio do SIG, explorar novas relações além da econômica, ou seja, outras dimensões que vêm sendo desconsideradas dentro do modelo desenvolvimentista ocidental, no qual este tipo de análise encontra seu lugar predileto; o que não poderia ser obtido pelo incansável aperfeiçoamento dos modelos econômicos, ou pela simples tentativa de matematização dos fenômenos; através da abordagem sócio-espacial, à qual se candidata uma classe de SIG, é possível se pôr em prática uma análise, dentro de uma concepção holística, reconhecendo seu objeto como a sociedade concreta, corporificada pelas dimensões dos processos e relações sociais (economia, política, cultura), pela dimensão espacial, e pela dimensão temporal (histórica) refletida nas dimensões anteriores; afinal de contas, o espaço não é o contexto vazio e neutro onde têm lugar os fenômenos, como conceitua a Física clássica; o espaço simboliza e é simbolizante do social, embora não possuindo uma dinâmica própria, independente dos processos sociais; o espaço condiciona as relações e os processos sociais que o modelaram através de uma dialética sócio-espacial; uma vez produzido, este espaço passa a influenciar e eventualmente determinar, através de sua materialidade e de seu conteúdo simbólico, os futuros processos sociais.

Murilo Cardoso de Castro