A cibernética, tal como se vê antecipada no artigo de 1943, trata inegavelmente seus objetos de estudo como dispositivos que transformam mensagens de entrada (input) em mensagens de saída (output). Esta é uma definição que encontraremos ainda com todas as letras na obra tardia de Wiener, God and Golem, Inc. (1964). O que a impede, porém, de se reduzir a um mero behaviorismo que obedeça a um esquema estímulo-resposta é precisamente a noção de feedback, retro-alimentação. Graças a esse dispositivo, o objeto é capaz de mudar a relação que estabeleceu entre input e output, entre estímulo e resposta. Para o observador que optou por permanecer no exterior do objeto, tudo se passa como se este tivesse a capacidade de modificar a sua resposta a um estímulo dado, e isto a fim de alcançar determinado objetivo. Tudo se passa, pois, aparentemente, como se o objeto fosse capaz de perseguir uma finalidade dada, aprendendo a ajustar seu comportamento em vista dos erros que comete. (Dupuy, 1995, pág. 47)

A tecnologia da informação é, portanto, uma máquina cibernética, um conjunto auto-regulado de instrumentos de representação, composto por uma “memória” (um órgão interno de armazenamento), um “cérebro” (um órgão interno de cálculo e decisão) e uma interface de periféricos de entrada e saída de informações. Esta é a forma que a tecnologia da informação adotou desde o primeiro computador, na trilha dos trabalhos de Turing, Wiener, Shannon, McCulloch e von Neumann.

A tecnologia da informação é uma máquina de pensar “à imagem” do homem, mas não “a sua semelhança”. Pois, segundo este texto fundador na sua constituição, segue o princípio de deixar de lado o conteúdo, a natureza humana, pela abstração da “forma racionalizante” desta natureza. Apreende-se esta forma racionalizante em um dis-positivo de representação, observando o homem em seu exercício mais elementar da razão, como uma “caixa preta” de entrada e saída de mensagens. Esta é a conclusão do artigo de “que uma análise comportamental uniforme é aplicável ao mesmo tempo às máquinas e aos organismos vivos”.

Essência da Informática