Dada a presença crescente da informática em todas as atividades humanas, quando se menciona o termo “informática”, este pode designar muitas coisas. Entre estas, destaca-se a noção de informática enquanto técnica, no caso, “técnica da informação”, ou “tecnologia da informação”, diante do uso abusivo do termo “tecnologia” e sua incorreta assimilação ao termo “técnica”. A questão proposta para reflexão, “a essência da informática”, enquanto técnica ou tecnologia da informação, ao ressaltar o aspecto “técnica”, permite parafrasear Martin Heidegger: “a essência da informática não tem nada de informática”. Deste modo, a questão “o que é a informática?”, não tem como cair no lugar comum das respostas dadas pelas definições da literatura especializada na técnica ou na tecnologia da informação. “O que é a informática?” é a questão que orienta e motiva estas reflexões, que pretendem se dirigir para o não-comum. Eis, portanto, a questão que urge uma resposta incomum. Eis a questão da técnica, posta segundo sua manifestação mais atual, a informática. Eis a questão que exige um enfrentamento difícil com a questão maior: “o que é o homem?”. Eis a questão que aborda a metafísica da Modernidade no “Absoluto Técnico”1.
Se dirigindo à Kojima Takehico nos anos 1963-1965, Heidegger escreve: ‘pela presente carta, trata-se unicamente de reconhecer o seguinte fato: que é precisamente o olhar em direção da exploração, quer dizer em direção do próprio da tecnologização do mundo, que mostra um caminho em direção ao próprio do homem, que distingue sua humanidade no sentido da reivindicação que se faz disto através do Ser’.2