Esse discurso digital, promovido pela informatização, permite, por sua vez, toda uma nova reapropriação do mundo, sob diferentes bases epistemológicas e operacionais. Pierre Lévy (1998) é um dos pensadores contemporâneos que se questiona sobre a natureza desse processo, preferindo muito mais falar de virtualização, por considerar esta propriedade como imanente à própria essência do processo de informatização.

Contestando a visão comum de que a informática promove uma perda de materialidade das coisas, Lévy prefere reabilitar, a seu modo, o conceito aristotélico e escolástico, que entende o virtual como o que existe em potência e não em ato. Em outros termos, Lévy contradiz a oposição, que diz fácil e enganosa, entre real e virtual, onde este último geralmente se refere a uma simples ausência de existência, ou seja, à própria ilusão.

Lévy define o virtual, em oposição ao “atual”, como o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, estabelecendo assim um complexo problemático, que demanda um processo de resolução em perfeita sintonia com este nó de tendências original.

Para ele, a informática permite repotencializar a realidade, elevando-a a sua virtualidade, uma modalidade a partir da qual é possível realizá-la, segundo novas problemáticas, alinhadas, por sua vez, com os mais diversos interesses. Entretanto, é preciso entender que este poder de repotencialização reside justamente em sua capacidade de desconstrução-reconstrução de diferentes formas de representações da razão e da memória humanas, em múltiplas reproduções de seus fantasmas informacionais, sobre uma base tecno-científica de tecnologias da informação, cada vez mais ampla. Seria isto uma repotencialização ou uma despontencialização?

Referências:

Tese de Doutorado em Filosofia (UFRJ, 2005)

DE CASTRO, M. C. O que é informática e sua essência. Pensando a “questão da informática” com M. Heidegger. UFRJ-IFCS, , 2005. Disponível em: <https://www.academia.edu/43690212/O_que_%C3%A9_inform%C3%A1tica_e_sua_ess%C3%AAncia_Pensando_a_quest%C3%A3o_da_inform%C3%A1tica_com_M_Heidegger>

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Essência da Informática, SIG ou sig