Essa realização da informatização, no dar-se e propor-se da informática, sinaliza, mais uma vez, o meio, enquanto um “mundo reduzido” onde este “dar-se” realiza-se, torna-se real. As reflexões de Heidegger sobre “ser-no-mundo”, instrumento, “mundo circundante” e mundanidade, já indicam, de algum modo, este “meio da manualidade informacional”.

As condições de possibilidade do dar-se da informática, no e pelo meio que garante sua manifestação e proliferação, leva a confirmação da ontogenia comum da tecnologia da informação e deste meio técnico-científico-informacional, no processo global da informatização, cujos qualificadores serão adiante elaborados.

Quem reflete sobre este processo reconhecerá logo que a proposta, sempre repetida, da técnica dominada pelo homem procede de um modo de representação que se move apenas nas zonas fronteiriças daquilo que é atualmente. Superficial também é a observação que o homem de hoje em dia se tornou escravo das maquinas e dos aparelhos. Pois é uma coisa fazer tais observações, mas é totalmente outra sobre isto refletir e pesquisar, não somente em que medida o homem de nossa época está submetido à técnica, mas ainda em que medida ele deve se conformar à essência da técnica, em que medida se prenunciam, nesta conformidade, possibilidades mais originais tocando uma existência (Dasein) livre do homem. A construção do mundo pela técnica e a ciência estende suas próprias pretensões até o enquadramento de todas as dis-ponibilidades (Beständ) que em um tal mundo se esforçam por vir a luz. (Heidegger, 1957/1962, pág. 75)

Referências:

HEIDEGGER, M. Le principe de raison. Tradução: André PRÉAU. Paris: Gallimard, 1957.

Tese de Doutorado em Filosofia (UFRJ, 2005)

DE CASTRO, M. C. O que é informática e sua essência. Pensando a “questão da informática” com M. Heidegger. UFRJ-IFCS, , 2005. Disponível em: <https://www.academia.edu/43690212/O_que_%C3%A9_inform%C3%A1tica_e_sua_ess%C3%AAncia_Pensando_a_quest%C3%A3o_da_inform%C3%A1tica_com_M_Heidegger>

Essência da Informática