O modelo da alavanca pode ser considerado como um paradigma de toda atividade humana. Até se poderia utilizar a noção de “mônada” em qualquer fazimento, desde que se entenda “mônada” como: partícula sem extensão porém cognoscível, sendo componente básico de toda e qualquer ato humano, físico ou anímico, e que apresenta as características de imaterialidade, indivisibilidade e eternidade em qualquer atividade humana. Ou seja, aquilo que se dá na passagem de atos a fatos e que compondo com outras mônadas forma o que se poderia chamar uma “inteligência coletiva” emergente na atualidade desde um “meio técnico-científico-informacional”. Meio produtor e produzido por uma diversidade crescente de instrumentos tecnológicos de natureza técnica-científica-informacional, como por exemplo os inúmeros “aplicativos” de telefones “inteligentes” e, em nosso caso, o sig. Assim, o SIG que venha a se constituir a partir de um sig e sob sua regência tem uma dimensão política, cultural, social e econômica, guardando sua intangibilidade e aparecendo apenas como sig. Apesar da aparente movimentação de pessoas, equipamentos e dados em mídias físicas, tudo que se refere ao SIG está se passando em uma esfera ou campo mental. O paradigma do modelo da alavanca chama atenção para uma tétrada bem determinada e sempre presente onde se passa de atos a fatos, ou seja, onde “fazer” ganha importância sobre ser-pensar, ou praxis sobre theoria: pessoa-instrumento-problema-meio (este compreendendo organização e contexto).
Esta tétrada pode ser comparada com as quatro causas aristotélicas: causa material, causa formal, causa final e causa eficiente. Na interpretação de Heidegger1, “as quatro causas são os quatro modos, coerentes entre si, de responder e dever”. Assim parafraseando Heidegger posso dizer: no SIG, que se dá e propõe em um laboratório de pesquisa ou uma empresa, “regem e vigem quatro modos de dever e responder. Entre si são diferentes, embora pertençam um ao outro na unidade de uma coerência”.
Para nos precavermos dos mal-entendidos acima mencionados sobre o que é dever e responder, tentemos esclarecer seus quatro modos, a partir daquilo pelo que respondem. […] Dar-se e propor-se (ύποκεΐσθαι) designam a vigência de algo que está em vigor. É que os quatro modos de responder e dever levam alguma coisa a aparecer. Deixam que algo venha a viger. Estes modos soltam algo numa vigência e assim deixam viger, a saber, em seu pleno advento. No sentido deste deixar, responder e dever são um deixar-viger. A partir de uma visão da experiência grega de responder e dever, de αιτία, portanto, damos aqui à expressão deixar-viger um sentido mais amplo, de maneira que ela evoque a essência grega da causalidade. O significado corrente e restrito da expressão deixar-viger diz, ao contrário, apenas [16] oferecer oportunidade e ocasião, indicando assim uma espécie de causa secundária e sem importância no concerto total da causalidade.
HEIDEGGER, Martin. Ensaios e Conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 1954/2002. ↩