- ontogênese comum do sig e deste “meio”. Nossa colocação se assenta no entendimento de que o sig é, entre tantos outros, um objeto “técnico-científico-informacional”, por conseguinte, ideal e substancialmente vinculado ao referido “meio”.
- existe uma instituição e uma constituição mútuas do meio técnico-científico-informacional e do sig. Da totalidade representada pelo primeiro, e de um de seus objetos, representado pelo segundo.
- sig e “meio” se associam da mesma forma que, em um holograma, a parte é capaz de retratar o todo. Temos assim, de certa maneira, e ao mesmo tempo, o todo na parte, e a parte, como um todo, no todo.
- ambos são, de fato, consubstanciais, segundo as mesmas propriedades: técnica, científica e informacional. Emergem simultaneamente, no campo das ideias, na fundação da Razão Moderna, e ganham vigor e presença neste século, após a última grande guerra.
- como mutuários de uma mesma conjunção de valores, de ideais e de visão de mundo e de homem, sig e “meio” se instituem, compartilhando as mesmas condições de reprodução e de disseminação, especialmente de seus efeitos e de seus resultados, na interação com o humano. Por todas essas razões, se auto-engendram e se auto-organizam, provendo sempre novas facetas, novos arranjos, novas gerações, que re-alimentam sua instituição/constituição mútua.
- ao afirmar Milton Santos1 que o próprio espaço geográfico pode ser chamado de meio técnico-científico-informacional, penso que ele já imaginava que o sig, um instrumento que vem conquistando um lugar privilegiado no trabalho do geógrafo, deveria ser considerado um dos elementos instituidores deste mesmo “meio”. Em um trabalho elucidando melhor seus conceitos, Santos escreve:
- A expressão meio técnico-científico pode, também, ser tomada em outra acepção talvez mais específica, se levarmos em conta que, nos dias atuais, a técnica e a ciência presentearam o homem com a capacidade de acompanhar o movimento da natureza, graças aos progressos da teledetecção e de outras técnicas de apreensão dos fenômenos que ocorrem na superfície da terra.2
Quanto ao estatuto sistêmico do SIG, devemos interpretá-lo, primeiramente, como um convite a compreensão do SIG como, de fato, um sistema, inter-relacionado entidades ao redor de uma tecnologia da informação. Ou seja, um sistema social de natureza específica, um sistema de informação, que se forma pela coalescência de quatro entidades, que se articulam, tendo como pivô o pacote sig, a tecnologia propriamente dita (vide MODELO DA ALAVANCA). As quatro entidades são: pessoa(s), problema/tarefa(s), organização e, enquadrando tudo, o ambiente, social, cultural, político, econômico, técnico, que contextualiza a gênese de um SIG.
Segundo o estatuto sistêmico, cada SIG é um SIG. A combinação das entidades, ao redor da tecnologia sig, institui/constitui um SIG, submisso a um ambiente determinado, dentro de uma organização específica, orientado para certos problemas/tarefas, e construído/operado por dadas pessoas, indivíduos únicos.
O que importa, como queríamos demonstrar é que a ontogenia de qualquer SIG, na coalescência das entidades mencionadas, se dá na total imersão e interação com um meio técnico-científico-informacional, como define Milton Santos, e, por conseguinte, instruída e dinamizada segundo esta simbiose ente3-“meio”, que só pode produzir e reproduzir objetos consubstanciais aos dois.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. São Paulo: Hucitec, 1995 ↩
ibid, p. 192 ↩
Este ente ou “sendo” como uma vertical, atravessando planos horizontais e paralelos, se manifesta em diferentes escalas, do individuo à organização, passando pelo nível grupal. ↩