- O geógrafo Gearóid Ó Tuathail1 procura resgatar uma visão crítica, que possa oferecer e explicitar uma re-valorização do discursivo na Geografia, favorecendo um equilíbrio entre ele e o iconográfico.
- O mapa é indiscutivelmente um dos que se destaca como um “retrato”, onde se congela o dinâmico e se homogeneíza, segundo uma sistema classificatório, a paisagem naturalmente heterogênea. O mapa, produto de uma visão estruturalista, é uma construção geométrica. Sua espacialidade é a de um “grafo” matemático, de formas e figuras em um espaço euclidiano, isotrópico, e abstrato. O mapa estruturalista pode ser compreendido como um produto matemático, uma grade geométrica bidimensional do mundo, um “grafo” fixado e acabado, uma figura estável, uma composição linear de um mundo.
- Em contraste com a leitura estruturalista de um mapa, existe uma proposta de leitura do mapa como um “tecido”, em sintonia com a própria palavra latina original, mappa. Mapear seria escrever ou tecer um produto textual ou têxtil, um “geo-grafismo”, onde o hífen denotaria o indeterminado, o que recusaria qualquer fixação matemática; revelando também um movimento que desafiaria a redução a qualquer flatland bidimensional.
- Radicalizando desta forma a compreensão deste instrumento básico, o mapa, Ó Tuathail revitaliza o estudo da “Geo-grafia”, como o estudo da projeção interminável de “geo-grafismos”, “mapas de significado”, pelo ato de (re)produzir um “gráfico”, ou “tecido”, ou “texto” de um sistema-mundo.
Ó TUATHAIL, G. (1994), “(Dis)placing Geopolitics: Writing on the Maps of Global Politics”, in Environment and Planning D: Society and Space 12, 1994. ↩