Começando pela entidade “alavanca”, representando o sig, a tecnologia no modelo figurativo, se tem mais uma vez a revelação do SIG a ser constituído, como um “arte-fato” (arte instanciando e instanciada em fato), centrado em um instrumento (até literalmente, no desenho do modelo figurativo), e sua decorrente metodologia de aplicação. O SIG, no entanto, não é a simples implementação de um instrumento, mas, muito pelo contrário, se funda na realização da potencialidade do sig, por meio da arte humana ou técnica (a techne dos gregos1 era o primeiro dos cinco modos de des-velamento (aletheuein) consignados por Aristóteles como “caminhos possíveis, que estavam abertos para a existência grega experimentar e inquerir o ente do mundo”2. A techne deveria ser traduzida desta maneira como arte, ou saber-fazer, ou perícia — na ocupação, na manipulação, na produção.)), exercida exclusivamente por um “ser” humano, desde uma ideia, consignada a priori, segundo sua materialização em tecnologia da informação. Uma ideia com raízes profundas na gênese da Razão Moderna, assim conjurada pela metafísica da Modernidade. Portanto, é preciso se começar por uma breve investigação das raízes deste tipo de tecnologia, na história do pensamento ocidental moderno, para mais adiante, continuar a análise do SIG consoante as metáforas decorrentes da entidade alavanca, enquanto símbolo-central do modelo figurativo.
Não esqueçamos que a alavanca talvez seja a ferramenta humana mais antiga; inclusive Arquimedes teria dito algo como, “dê-me um ponto de apoio e desloco a Terra com uma alavanca”. A alavanca é um bastão que se apresenta como uma extensão do braço humano, que tendo seu fulcro apoiado em um solo, ou em si mesmo (um bastão em outro bastão) como no caso do alicate, pode potencializar a força humana. Consideramos a metáfora das diversas formas de alicates como diferentes figurações de um mesmo princípio, qual seja aquele que se vela sob a tecnologia da informação, enquanto engenho de representação e mímese da inteligência humana.
A techne no pensamento antigo grego era muito mais do que a técnica moderna, pois segundo Heidegger ((HEIDEGGER, Martin. Ensaios e Conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 1954/2002, p. 21 ↩
HEIDEGGER, Martin. Ensaios e Conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel e Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 1954/2002, p. 22 ↩