As etapas não são todas obrigatoriamente percorridas, e as passagens de uma para outra não são instantes, mas transcursos. Quanto ao processo pelo qual se constitui o chamado “ob-jeto”, “aquilo-posto-adiante” do sujeito (princípio radical que lhe atribui existência), é preciso reconhecer que o primeiro (o objeto) é definido pelo estabelecimento de um conjunto aberto de relações, que crescem a cada etapa, lhe conferindo maior funcionalidade, utilidade, mas sem revelá-lo em seu ser.

Abellio propõe como paradigma da constituição do objeto do tipo empírico ou não (objeto do pensamento), ao longo das referidas etapas ou asceses, uma estrutura, uma “totalidade” instável, atemporal, atuando em um momento não isolável e segundo um movimento dialético, em cada eixo principal; estrutura, que pode aportar novas revelações se aplicada à gênese do modelo figurativo do SIG:

 

  • primeiramente, um objeto qualquer se constitui por se destacar do mundo, enquanto condição a priori de sua emergência…
  • o mundo se apresenta assim como “pano de fundo”, horizonte de objetividade, não tematizável, não “visível”, mas que garante a “visão” do objeto…
  • o objeto se destacando, tomando sentido, rejeitando sua indistinção caótica com o  mundo, estabelece uma primeira relação, do tipo Objeto/Mundo
  • esta mesma dualidade também se instala do lado do sujeito: um órgão de sentido (visão, audição, etc.) se destaca do fundo “em repouso” da pessoa (enquanto corpo, emoção e intelecto), formando uma segunda relação do tipo Sentido/Pessoa
  • tanto objeto e sentido, como emergências locais de uma realidade global, devem então ser “re-enraizadas”, ou se arriscam a dissolução; a percepção, portanto, se estabelece na proporção que combina duas relações: objeto/mundo=sentido/pessoa
  • a contradição dialética inclusa em toda relação de dois termos, se exprime pela presença implícita nesta mesma relação de um terceiro termo (o sinal /), que não se revela, mas que se situa na instalação do próprio processo dialético, pela percepção sustentada pela Razão (Ratio); ao expressar toda relação, o simbolismo algébrico ou aritmético reconhece este fato; uma relação, portanto, não é apenas dual, mas trina; o traço de divisão-ligação nada mais é do que um sinal simbolizando a presença da “intuição intelectual”, em sua dupla função de dissociação redutora e de reintegração, de análise e de síntese;
  • a função analítica, ligada aos sentidos, estabelece a distância no mundo, a extensão, a possibilidade de mensuração quantitativa; enquanto a função de síntese, de reintegração, retoma a extensão, a quantidade, lhe auferindo uma nova propriedade; ou seja, da separação original se pode ordenar, se firmar uma hierarquia, se atribuir qualidades; pela consciência deste movimento, a relação original se amplifica e se intensifica, por movimentos sucessivos podendo se constituir em uma proporção do tipo ; onde o sinal de igualdade, dois traços superpostos, deve ser entendido como símbolo de uma necessária leitura simultânea de duas relações, em lugar de sua leitura em sucessão; a atuação de uma Razão que analisa e sintetiza o mundo, analisando e sintetizando no mesmo processo, seu “mediador”, o ser humanoA difícil épochè proposta pela fenomenologia transcendental de Husserl, ou seja, o reconhecimento e a exclusão prévias de todos os pressupostos psicológicos ou objetivistas que possam obscurecer a visão que o Intelecto dirige para qualquer objeto do mundo ou o próprio mundo..

 

Partindo da clássica dialética sujeito-objeto para uma nova estrutura dialetizando em si mesmo sujeito e objeto, Abellio faz um convite à reflexão sobre algumas  questões: pessoa ou mundo – quem dá partida, ou seja, quem “inicia” quem? como compreender complexidade e interdependência? seria a percepção uma condição de “sur-presa” do mundo? como entender a teleologia e possíveis direções do processo?

,

Essência da Informática, SIG ou sig