O SIG é uma grande aplicação da informática a uma ciência clássica, a Geografia. Por esta razão, enquadramos, justamente nesta categoria sobre a Técnica, o SIG enquanto resultante da tecnicização da Geografia, e, por conseguinte, um excelente estudo de caso da técnica moderna moldando uma ciência clássica (veja também Morfogênese Técnica-Meio).

O SIG é uma construção. O sig é a infra-estrutura desta construção. O sig é o software que rege a construção do SIG, enquanto sua infra-estrutura técnica. O sig traz latente em seu sistema de programação a construção futura de qualquer SIG, em termos de metodologia (do grego methodos, caminho) de constituição de um Sistema de Informação Geográfico. Nos algoritmos implementados na programação do sig, métodos e técnicas de constituição de um SIG estão prontos a serem aplicados. Do mesmo modo, a própria organização da base espacial sobre a qual o sig deve operar já está previamente definida por seu sistema de programação. No desenvolvimento do sistema de programação do sig, incluindo a definição da estrutura de sua base espacial, concorreram diferentes disciplinas, como a Cartografia, a Geografia, a Geodésia, e outras. Estas disciplinas foram originalmente “traduzidas” e apropriadas por tecnologias como a informática, o CAD, e outras. A coalescência destas iniciativas teve como resultado um engenho computacional capaz de representar o espaço geográfico, o sig. Na constituição do SIG a partir do sig convergem por sua vez uma série de atividades que, atuando em um meio técnico-científico-informacional e recorrendo aos recursos técnicos, científicos e informacionais que este meio oferece, identificam os problemas e reúnem os elementos (modelos, métodos, dados) necessários a esta constituição do SIG. A tecnologia do sig orienta a consecução das atividades, a resposta do meio, a formulação dos problemas e a reunião dos elementos para constituição de um SIG capaz de realizar a exploração da representação geográfica sob a forma de cartografia automatizada, análises espacias e simulações.

O sig é um engenho de representação do espaço geográfico e o SIG constituído a partir do sig, a elevação desta representação à condição de modelo geográfico por excelência.

Partindo destas reflexões é preciso:

  • apresentar o SIG enquanto se promove atualmente como uma “ciência da informação geográfica” (Geographic Information Science – GIS), ou seja, examinar os elementos de uma Teoria do SIG;
  • compartilhar aspectos práticos na constituição e instituição de um SIG, ou seja Práxis do SIG;
  • debate sobre o sistema de informação geográfico (sig) enquanto engenho de representação e análise do espaço geográfico, logo Desconstrução do SIG;
  • disseminar o que se encontra na Internet sobre esta temática, em particular artigos técnicos, software gratuito, bases digitais.
  • construir um esquema-resumo do que se tem discursado sobre o SIG na literatura técnica.

É preciso refletir seriamente sobre o sig, seu potencial e seus limites. Trata-se de uma das mais avançadas tecnologias de nosso tempo, com atuação crescente na visão de mundo e nas políticas de desenvolvimento.

CASTRO, M. C. DE. Natureza do Sistema Geográfico de Informação. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ-PPGG, 1996.
DE CASTRO, M. C. SIG – Sistema de Informação Geográfico ou sig – sintetizador de ilusões geográficas. Desconstruindo uma formação discursiva. UFRJ-PPGG, , 1999. Disponível em: <https://www.academia.edu/43466069/SIG_Sistema_de_Informa%C3%A7%C3%A3o_Geogr%C3%A1fico_ou_sig_sintetizador_de_ilus%C3%B5es_geogr%C3%A1ficas_Desconstruindo_uma_forma%C3%A7%C3%A3o_discursiva_Murilo_Cardoso_de_Castro>

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Murilo Cardoso de Castro