A teoria da informação considera que toda atividade comunicacional se processa através da interação de uma fonte com um receptor através de um canal. Este processo é perturbado pelo ruído, que transforma a interação entre a fonte e o receptor de um processo determinístico num processo aleatório, ou seja, em termos menos rigorosos, que destrói a certeza na transmissão de uma mensagem, tornando suas recepções passível de erro.
O modelo matemático de um processo comunicacional, proposto por Shannon em 1948 mas vagamente antecedido por Wiener, se baseia na seguinte intuição física: a comunicação entre duas pessoas é observada no momento em que uma delas fala e a outra escuta. O que fala é a fonte, quem escuta é o receptor. Ruídos exteriores podem impedir a perfeita compreensão do que a “fonte” está dizendo; o canal, sendo o suporte físico para a mensagem, é o ar que transmite as ondas sonoras. Numa situação independente à fonte e ao receptor está aquele que descreve todo o processo: é o observador externo. O observador fala uma linguagem especial: a metalinguagem; ele usa esta linguagem como base (fornecedora de sentido) para a descrição do processo observado. O processo é modelado numa linguagem-objeto. Um diagrama esclarece perfeitamente.
Wiener mostra, entre outras coisas, que para um processo de comunicação assim descrito se efetivar, é necessário que o tempo para a fonte e o receptor tenha a mesma direção. Intuitivamente, percebe-se que se para um o tempo corre “para a frente” e para o outro corre “para trás”, o que for um antecedente lógico, na mensagem, para a fonte sera um consequente (isto é, virá depois) para o receptor. Esta relação lógica pode ser traduzida em linguagem estatística, e pode-se mostrar como a exigência do escoamento do tempo no mesmo sentido é uma restrição formal a esta modelagem do processo de comunicação. Ela pode parecer acadêmica, mas em 1942 Feynman mostrou como o anti-elétron (ou positron) pode ser considerado um elétron andando para trás no tempo. Embora a sugestão de Feynman seja “formal”, e não necessariamente “física”, ela pode estar eliminando o problema da barreira da unicidade do sentido do tempo.
Tese de Doutorado em Filosofia (UFRJ, 2005)
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