Na Geografia, a proporção Objeto/Mundo = Sentido/Corpo, fundamentada pelo pensamento de Abellio ganha contornos elucidativos quanto ao significado do “geográfico” pela afinidade com o próprio objeto da Geografia. Esta proporção adequada aos termos aqui analisados se torna portanto Geografia = Geógrafo, em que a primeira razão Objeto/Mundo poderia se equivaler à Geografia e a segunda razão Sentido/Corpo, ao GeógrafoSe entendido o objeto como “objeto geográfico”.. Desta maneira é possível a proporção Geografia = Geógrafo, além de sua dinâmica própria, receber uma movimentação por parte da dupla razão que a configura, como simboliza os dois traços horizontais do sinal de igual que estabelece a proporção. Esta dupla razão está em constante tensão segundo uma direção ascendente e uma descendente: enquanto uma ciência voltada para compreensão da relação Sociedade-Natureza na perspectiva geográfica, ou para o controle e manipulação, subserviente ao princípio cartesiano de ser “mestre e senhor da natureza”, portanto aos interesses e às ideologias do progresso e do desenvolvimento, inclusive em sua versão mais atual, o “desenvolvimento sustentável”.
A tensão entre estes movimentos, ascendente e descendente, reafirma ainda mais a necessária presença e ação do Logos, enquanto “diretor” da da dupla razão em situação de proporção; presença e ação capazes de reunir estes movimentos de forma harmoniosa, concedendo à “ciência para compreensão” o instrumental adequado, e à “ciência para manipulação”, a sabedoria necessária.
De certa maneira, não foram respondidas as questões que fundaram esta incursão pelo “objeto” das Geociências e sua possível afinidade com a proposta de um SI, qualificado como “geográfico”. Entretanto, parece ficar mais evidente a importância de uma crítica aprofundada nesta direção, na tentativa de se resgatar a “orient-ação” necessária para a justa apropriação do sig pelas Geociências, ou vice-versa, para a justa apropriação das Geociências pelo SIG, como pretendem os adeptos de um extensivo “programa” de informatização das Geociências, o Geoprocessamento (vide suas proposições em Dobson1.
DOBSON, J.E. “Automated Geography”, in Professional Geographer 35 (2), 1983; “A Rationale for the National Center for Geographic Information and Analysis”, in Professional Geographer 45(2), 1993a; “The Geographic Revolution: A Retrospective on the Age of Automatede Geography”, in Professional Geographer 45 (4), 1993b. ↩