A questão da potencialização auferida pela informatização é difícil e delicada, mas parece indicar ainda mais a urgência de se criticar a informatização. A Filosofia, e em especial a Filosofia da Técnica, precisam reconhecer este movimento sui generis da informatização, em todas as suas dimensões. Precisam também constatar que no vórtice deste ciclone informacional, que vem atualmente desconstruindo e reconstruindo o mi-lieu (o entre-lugar) humano, situam-se instrumentos que realizam a metafísica da Modernidade, muito mais do que simples ferramentas, como ingenuamente se pode crer. Instrumentos constituídos e instituídos, segundo um determinado sistema de ideias, portanto, orientados por e comprometidos com a metafísica da Modernidade, ressonâncias absolutas da essência da técnica moderna.
Na operação dos chips aparece com toda a clareza desejável a oposição dos discursos técnico-científicos e dos percursos científico-técnicos a todos os demais discursos e percursos possíveis. A Essência técnica do conhecimento científico surge, então, como alavanca de Arquimedes, que desloca e empurra história abaixo a avalanche da informática. A técnica já não pode ser entendida como resultado de aplicação da ciência. Ao contrário, a ciência é que nasce estruturalmente, não decerto da técnica, mas do vigor, e vive na Essencialização da técnica. Nesta Essencialização se encontra: a ciência não é uma interpretação nem especulativa, nem contemplativa, nem reflexiva, nem transcendental da realidade. A ciência é técnica, um conjunto de práticas operatórias, tanto de natureza axiomática, como de natureza operacional, comprometidas com a transformação do real em objetividade e da objetividade em operatividade. O problema fundamental de todo este processo histórico relaciona-se com a composição. Trata-se de se decidir cada vez o que define concretamente o caráter técnico-científico de um conjunto de processos; o que distingue uma integração microeletrônica de qualquer outra composição; que funções contrapõem a razão e a lógica da ciência-técnica a outros possíveis usos da Razão e a outras formas lógicas de ação! (Carneiro Leão, 1992, pág. 98)
Referências:
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Tese de Doutorado em Filosofia (UFRJ, 2005)
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