Lalande (Vocabulaire) – O problema da indução

I — A indução formal é um raciocínio e constitui uma prova apodíctica1. Se, pois, se entende por dedução, como em geral entendem os lógicos contemporâneos, toda operação que consiste em passar de uma ou várias proposições para uma proposição que é a sua consequência necessária, em virtude de leis lógicas, segue-se daqui:

1.° Que a indução completa é uma forma da dedução;

2.° Que esta não vai sempre «do geral para o particular» (ou, para falar mais exatamente, do genérico para o especial).

II — A indução amplificante não é uma implicação lógica; porque de que alguns S são P ou até de que muitos S sejam P não se pode concluir que todos os S sejam P. Apesar de tudo, ela não deixa de ser considerada incontestável no que se refere a um certo número de casos. Por isto, suscita três problemas conexos, ordinariamente reunidos sob o nome de problema do fundamento da indução.

a) Problema do fundamento psicológico da indução: Sendo dado que a maioria das proposições que julgamos verdadeiras assentam em amostras e exemplos, donde resulta o assentimento, por vezes tão decidido, que nós lhes prestamos?

b) Problema da legitimidade da indução: Em que casos, e sob que condições, uma proposição induzida pode ser considerada como verdadeira?

c) Problema do princípio da indução: Podem-se reunir todos os casos de indução legítima numa regra lógica rigorosamente definida?

André Lalande (philosophe), Vocabulaire Technique et Critique de la Philosophie, vol. I, p. 374.


  1. Necessária quer em virtude duma evidência imediata, quer em virtude duma demonstração dedutiva.