de Castro – Cálculo, lógica e algoritmo – Bases da Informatização

Segundo Hobbes: “a Razão nada mais é que o cálculo” (Leviatã, 1651). Mas, o que é o cálculo? A fórmula simples de Hobbes guarda uma parte deste mistério que é a razão humana (Parrochia, 1992). Para uma justa aproximação é preciso contextualizá-la no movimento da Modernidade, onde outras posições parecem indicar uma orientação para seu entendimento, como por exemplo: Descartes, concebendo os pensamentos como representações simbólicas de partes ou aspectos da realidade; Leibniz, concebendo uma “característica universal”, isto é, um sistema de cálculo simbólico geral permitindo operar, por símbolos interpostos, sobre o conjunto de objetos abstratos e concretos e obter a totalidade das proposições verdadeiras como combinações convenientes de símbolos; e, La Méttrie, exigindo que os cálculos simbólicos efetuados pelo espírito humano resultem de interações mecânicas.

Uma genealogia da informática deve reconhecer não somente sua origem na lógica matemática, enquanto um instrumento intelectual autônomo, como na lógica moderna que emerge especialmente nos trabalhos de Leibniz. Trabalhos que como demonstra Heidegger, criam um problema ao insinuar a possibilidade de se fundamentar a metafísica na lógica, e não o inverso1). Heidegger defende: a) a lógica fundada na metafísica e b) a lógica como apenas uma metafísica da verdade.

DE CASTRO, M. C. O que é informática e sua essência. Pensando a “questão da informática” com M. Heidegger. UFRJ-IFCS, , 2005. Disponível em: <https://www.academia.edu/43690212/O_que_%C3%A9_inform%C3%A1tica_e_sua_ess%C3%AAncia_Pensando_a_quest%C3%A3o_da_inform%C3%A1tica_com_M_Heidegger>

  1. A lógica contemporânea mostra uma nova distorção do problema. Não apenas é a metafísica reduzida à lógica, mas a lógica é reduzida à matemática. A lógica contemporânea é simbólica, lógica matemática, e assim uma lógica que segue o método matemático. (Heidegger, 1978/1984, pág. 106