de Castro – Ficções Calculadas

Pela descontrução-reconstrução do logos de uma coisa através da práxis informacional-comunicacional este “fio condutor” para determinação do ser do ente se perde. O que já se exigia de extra-ordinário nesta empreitada, se tornou agora impossível através da informatização. Resta apenas o contato com os fantasmas informacionais que eventualmente são puras “ficções calculadas”. A tecnologia da informação, enquanto dis-positivo de representação do logos apresenta-se como um sintetizador de ilusões informacionais-comunicacionais.

Comentando Rilke, Heidegger apresenta a técnica moderna como produção de “ficções calculadas”. Heidegger denomina “cálculo” o projeto, próprio a vontade de poder, de “por em ordem” a totalidade do ente e a ordenar sobre os planos de uma representação sem consideração ao aspecto, preexistente a todo projeto técnico, daquilo que se apresenta de si mesmo.

Para Milet (2000), a produção de ficções calculadas ameaça o “aberto”, enquanto doação invisível que expõe os entes na ordem do visível, e assim os “põe em risco”, ao mesmo tempo em que lhes assegura um lugar e um tempo onde podem manifestar sua estada. O risco é duplo.

Primeiro porque os entes aparecem assim como objetos para representação que se atém ao aparente e não a essência das coisas. Esta obliteração do invisível é que libera a possibilidade do projeto da tecnologia moderna da informação-comunicação. Segundo, porque a objetivação guarda ainda uma dependência, em seu fundo, da fenomenalidade do objeto, que, de si mesmo, oferece sua própria entidade à intuição. Assim as ficções calculadas anunciam o desenraizamento da técnica em relação a este solo de evidências.